Vaticano: Papa alerta para «decadência» do Ocidente, em termos demográficos e morais

Francisco lamenta falta de «grandes políticos» e fala em terreno propício aos populismos

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 15 set 2022 (Ecclesia) – O Papa disse hoje que o Ocidente vive um momento de “decadência”, em termos demográficos e morais, lamentando a falta de grandes políticos e o crescimento dos “populismos”.

“Com este inverno demográfico, para onde estamos a ir? O Ocidente está em decadência neste ponto, está a decair, está perdido”, advertiu, em conferência de imprensa no avião que o levou de regresso ao Vaticano, após uma viagem de três dias ao Cazaquistão.

Francisco considerou que maior parte do Ocidente “não está no nível mais alto de exemplaridade” e seguiu “caminhos errados”.

“Pensemos, por exemplo, na injustiça social que existe entre nós, há países que se desenvolvem um pouco na justiça social, mas penso no meu continente, a América Latina que é Ocidente”, precisou.

Pensemos também no Mediterrâneo, que é Ocidente: hoje é o maior cemitério, não da Europa, mas da humanidade. Como o Ocidente se perdeu, a ponto de se esquecer de acolher, quando, na verdade, precisa de pessoas!”.

O Papa pediu medidas para responder ao inverno demográfico e à desertificação na Europa, que integrem os imigrantes.

“Por razões políticas, a situação não está boa nos países latino-americanos, mas creio que a migração deve ser levada a sério no momento, porque eleva o valor intelectual e cordial do Ocidente”, acrescentou.

Francisco lembrou os fundadores da União Europeia, “grandes políticos” de que hoje se sente falta, admitindo que esta é uma missão “difícil”.

“Há o perigo do populismo. O que acontece neste tipo de estado sociopolítico? Nascem os messias: os messias dos populismos”, advertiu.

Questionado sobre a legalização da eutanásia, em vários países, o Papa respondeu que “matar não é humano, ponto final”.

“No fim, mata-se cada vez mais e mais. Matar, deixemos isso para os animais”, defendeu.

O Papa falou ainda do Caminho Sinodal promovido pela Igreja Católica na Alemanha, que mereceu uma intervenção do Vaticano, pedindo que cada um seja “coerente com a própria fé”.

“Quando uma Igreja, seja ela qual for, nalgum país ou num setor, pensa mais no dinheiro, no desenvolvimento, nos planos pastorais e não na pastoral, e se vai para esse lado, isso não atrai as pessoas”, avisou.

Francisco alargou a reflexão ao Sínodo 2021-2023, que decorre a nível mundial, destacando que é preciso fazer mais do que “tornar a pastoral mais moderna”.

“Se a pastoral está nas mãos dos ‘cientistas’ da pastoral, que opinam aqui e dizem o que deve ser feito lá… Jesus fez a Igreja com pastores, não com líderes políticos”, insistiu.

Para o Papa, o objetivo não é “modernizar”, porque “se faltar o coração do pastor, nenhuma pastoral funciona”.

OC

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Agência ECCLESIA

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