Vaticano: Os passos que levam a um Sínodo

Documento preparatório, questionário e instrumento de trabalho antecedem início do debate entre bispos, peritos e convidados

Lisboa, 04 nov 2013 (Ecclesia) – O Vaticano vai promover esta terça-feira uma conferência de imprensa sobre a “preparação” do próximo Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa para debater, em outubro de 2014, os “desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

O caminho para o Sínodo, um organismo consultivo, começa com a escolha do tema e da data do encontro, seguindo-se a publicação de um documento preparatório (‘lineamenta’), habitualmente acompanhado por um questionário enviado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos a cada Conferência Episcopal, que o distribui às dioceses.

Este documento é então debatido por organismos episcopais e diversas instituições eclesiais, os quais podem enviar as suas propostas à Santa Sé.

De acordo com o secretário e porta-voz da conferência Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Morujão, o documento com “uma dezena de páginas” foi enviado ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, com o pedido de chegar de o fazer “às dioceses, solicitando que seja difundido, especialmente às paróquias»

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Manuel Clemente adiantou que o inquérito para o Sínodo de 2014 é “muitíssimo oportuno” porque inclui questões em que as famílias “têm de estar na primeira linha do pronunciamento”.

Segundo o patriarca de Lisboa, para procurar opiniões sobre “União de pessoas do mesmo sexo”, “Educação dos filhos no contexto de situações matrimoniais irregulares”, “Matrimónio segundo a lei natural” ou “Pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis” é oportuno que “se faça apelo àqueles que estão mais diretamente ligados a essa temática”.

Após esta fase, é redigido um instrumento de trabalho (‘instrumentum laboris’) para a assembleia sinodal propriamente dita, com a síntese das respostas aos ‘lineamenta’, vindas dos vários episcopados, da Cúria Romana e da União dos Superiores Gerais dos institutos de religiosos e religiosas.

Antes dos trabalhos da assembleia extraordinária, que dura duas semanas (5 a 19 de outubro de 2014), em vez das habituais três, vai ser ainda apresentado um relatório prévio (‘relatio ante disceptationem’).

Entre os participantes estarão os presidentes das Conferências Episcopais e dos dicastérios da Cúria Romana, bem como cardeais, bispos ou padres selecionados pelo Papa, que aprova ainda a escolha de peritos (‘adiutores secretarii specialis’) e ouvintes (‘auditores’).

A conferência de imprensa desta terça-feira vai contar com a presença do cardeal Péter Erdo, arcebispo de Budapeste (Hungria) e presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE), que foi nomeado por Francisco como relator geral da II Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos.

Com os jornalistas vão estar também D. Lorenzo Baldisseri, novo secretário geral do Sínodo, e D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto (Itália), secretário especial da próxima assembleia sinodal.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Até hoje houve 13 assembleias gerais ordinárias e duas extraordinárias: a primeira em outubro de 1969, para debater a cooperação entre a Santa Sé e as Conferências Episcopais, e a segunda em 1985, pelo 20.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.

HM/OC

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