Vaticano: Nova declaração sublinha dignidade das pessoas com deficiência, questionando «cultura do descarte»

Documento sublinha necessidade de promover «a inclusão e a participação ativa na vida social e eclesial» de todos

Cidade do Vaticano, 08 abr 2024 (Ecclesia) – O Dicastério para a Doutrina da Fé alertou hoje, numa nova declaração, a dignidade das pessoas com deficiência, questionando as consequências da “cultura do descarte”.

“A questão da imperfeição humana comporta claras implicações também do ponto de vista sociocultural, já que nalgumas culturas as pessoas com deficiência sofrem de marginalização, senão mesmo de opressão, sendo tratadas como ‘descartáveis’”, refere o documento, intitulado ‘Dignidade infinita’, divulgado pela Santa Sé e enviado à Agência ECCLESIA.

O texto, sobre a dignidade humana, considera que cada sociedade deve estar atenta aos mais favorecidos, rejeitando a “cultura do descarte”.

“É merecedora de especial atenção e solicitude a condição daqueles que se encontram numa situação de défice físico ou psíquico. Tal condição de particular vulnerabilidade, tão relevante nas narrações do Evangelho, interroga-nos universalmente sobre o que significa ser pessoa humana, em particular a partir de um estado de deficiência”, pode ler-se.

Realmente, cada ser humano, seja qual for a condição de vulnerabilidade em que se venha a encontrar, recebe a sua dignidade pelo próprio facto de ser querido e amado por Deus”.

A declaração doutrinal apela a uma “inclusão e a participação ativa na vida social e eclesial” de todos aqueles que são “marcados pela fragilidade ou deficiência”.

Na conferência de apresentação do documento, a professora Paola Scarcella, responsável pela Catequese para pessoas com deficiência da comunidade católica de Santo Egídio, alertou para a “cultura do descarte”.

“A presença das pessoas com deficiência é uma provocação a tornar as nossas sociedades mais humanas, inclusivas e acolhedoras”, referiu aos jornalistas.

Para a docente universitária, a Igreja defende todas as vidas são “belas”, convidando a superar a “lógica da eficiência”.

“Mesmo a pessoa com uma deficiência muito grave tem uma dignidade que vem do facto de ser filha de Deus, amada por Ele”, insistiu.

A especialista alertou para o “preconceito” que persiste na sociedade, perante as pessoas com deficiência, desejando a valorização das “potencialidades” destas pessoas.

O título do documento, ‘Dignitas infinita’ (dignidade infinita), é retirado de uma saudação de São João Paulo II, num ângelus junto de pessoas com deficiência na Catedral de Osnabrück, na Alemanha, a 16 de novembro de 1980.

A nota doutrinal, fruto de cinco anos de trabalho, passa em revista o magistério papal das últimas décadas sobre temas que vão da guerra à pobreza, da violência contra os migrantes à violência contra as mulheres, do aborto à maternidade de substituição e à eutanásia, abordando ainda a ideologia do género e a violência digital.

Quanto a esta última questão, o Vaticano alerta para questões específicas como “o cyberbullying”, a “difusão da pornografia” e a “exploração das pessoas para fins sexuais ou através dos jogos de azar”.

OC

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Agência ECCLESIA

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