Vaticano: «Ninguém está excluído da casa de Deus», diz Francisco

Papa evoca beatificação de Carlo Acutis para sublinhar necessidade de servir «os últimos»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 11 out 2020 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje no Vaticano que as comunidades católicas devem ir ao encontro dos mais desfavorecidos da sociedade, “sem excluir ninguém”.

“Ninguém está excluído da casa de Deus”, referiu Francisco, antes da recitação da oração do ângelus, na Praça de São Pedro.

Perante milhares de peregrinos que se acorreram ao Vaticano, apesar da chuva, o Papa refletiu sobre a passagem do Evangelho que é lida hoje, durante a Eucaristia, em todas as igrejas do mundo: um rei que organiza uma festa e que procura convidados entre as pessoas “excluídas”.

“A Igreja é chamada a chegar à encruzilhada de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade, aos lugares à margem, àquelas situações em que se encontram acampados e vivem fragmentos de humanidade sem esperança.”, indicou Francisco.

A intervenção desafiou os católicos a abrir “portas”, porque “o Evangelho não está reservado a poucos eleitos”.

Mesmo os que estão na margem, mesmo aqueles que são rejeitados e desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos dos seu amor. Ele prepara o seu banquete para todos: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos”.

O Papa deu como exemplo o novo Beato Carlo Acutis, jovem de 15 anos, “apaixonado pela Eucaristia”.

“Ele não se conformou a um imobilismo cómodo, mas acolheu as necessidades do seu tempo, porque via o rosto de Cristo nos mais fracos”, observou.

Referindo-se à beatificação do jovem italiano, que decorreu este sábado, em Assis, Francisco falou de um “testemunho” de vida para as novas gerações.

“A verdadeira felicidade encontra-se colocando Deus em primeiro lugar e servindo-o nos irmãos, especialmente os últimos”, declarou, antes de pedir um aplauso para o novo “jovem beato millenial”.

Numa passagem improvisada do seu discurso, Francisco relatou que na tarde de sábado conversou telefonicamente com um missionário no Brasil, que “trabalhou sempre com os excluídos, com os pobres”.

“Vive a velhice em paz, gastou a sua vida com os pobres. Esta é a nossa mãe Igreja, este é o mensageiro de Deus, que vai às encruzilhadas do caminho”, assinalou.

No Brasil foi noticiado, este sábado, que o Papa tinha telefonado ao padre Julio Renato Lancellotti, Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, que tem recebido ameaças pelo seu trabalho com os sem-abrigo e outra população marginalizada.

OC

Após a recitação do ângelus, o Papa recordou a sua intenção de oração para o mês de outubro, pedindo maior participação das mulheres nos lugares de decisão da Igreja Católica.

“Nenhum de nós foi batizado padre ou bispo, fomos todos batizados como leigos. Leigos e leigas são protagonistas da Igreja”, assinalou.

Francisco destacou a necessidade de “alargar os espaços de uma presença feminina mais incisiva”, lamentando que as mulheres sejam “colocadas de parte”.

O Papa apelou à integração das mulheres “nos lugares onde se tomam as decisões importantes”.

A intervenção saudou ainda uma iniciativa que a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre vai promover no próximo domingo, pela “unidade e paz”, com 1 milhão de rosários rezados por crianças, tendo como intenção especial as situações de crise “provocadas pela pandemia”

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