Vaticano: Nascimento de Jesus opõe-se aos «poderosos» e «dominadores», diz Bento XVI

Novo livro do Papa refere que fusão entre Cristianismo e política é uma deformação da mensagem de Cristo

Lisboa, 21 nov 2012 (Ecclesia) – O livro final da trilogia de Bento XVI sobre ‘Jesus de Nazaré’, que chega hoje às bancas, apresenta Cristo como alguém que se opõe aos “poderosos” e alertou para o risco de confusão entre Igreja e poder político.

“Às vezes, no curso da história, os poderosos deste mundo colocam-no [reino de Jesus] sob a sua alçada, mas é precisamente então que ele corre perigo: querem ligar o seu poder ao poder de Jesus e, assim, deformam o seu reino, tornando-se uma ameaça para ele”, escreve o Papa, no volume intitulado ‘A infância de Jesus’.

Bento XVI cita autores da antiguidade, incluindo o poeta latino Virgílio, para falar no anseio de paz que se vivia no tempo de Jesus, e deixa um alerta: “Quando o imperador se diviniza e reivindica qualidades divinas, a política ultrapassa os próprios limites e promete aquilo que não pode cumprir”.

“Deus com a sua verdade, opõe-se à múltipla mentira do homem, ao seu egoísmo e à sua soberba”, prossegue.

O Papa assinala que a mensagem de Cristo pode levar a uma “persistente perseguição pelos dominadores que não toleram nenhum outro reino e desejam eliminar o rei sem poder, mas cujo poder misterioso temem”.

Jesus, diz Bento XVI, “não corresponde à expectativa imediata de salvação messiânica por parte dos homens, que se sentiam oprimidos não tanto pelos seus pecados quanto, sobretudo, pelos seus sofrimentos, a sua falta de liberdade, a sua existência miserável”.

“O homem é um ser relacional: se ficar transtornada a primeira relação fundamental do homem – a relação com Deus -, então nada mais pode estar verdadeiramente em ordem. É desta prioridade que se trata na mensagem e na atividade de Jesus”, acrescenta.

Joseph Ratzinger centra-se na figura que é apresentada pelos evangelhos canónicos, considerando estes livros como as fontes fidedignas sobre a vida de Cristo.

O volume divide-se em quatro capítulos e aborda o arco histórico que começa na apresentação da genealogia de Jesus e termina na sua separação e reencontro com os pais, em Jerusalém, aos 12 anos.

A trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ começou a ser escrita por Joseph Ratzinger em 2003, antes da sua eleição como Papa, e conclui-se agora, nove anos depois, com um livro apresentado pelo próprio como “uma espécie de pequeno ‘pórtico’”.

A obra chega a Portugal pela mão da Princípia, que a edita nas versões impressa, eletrónica e áudio.

O livro tem uma tiragem inicial de mais de um milhão de exemplares em oito línguas (italiano, francês, inglês, espanhol, alemão, português [europeu e do Brasil], croata, polaco), estando previstas traduções em 20 idiomas.

OC

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Agência ECCLESIA

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