Vaticano: João XXIII e João Paulo II trouxeram «coragem, abertura e entusiasmo» à Igreja Católica

Cardeal Mauro Piacenza recordou em Lisboa o legado dos dois Papas que dia 27 de abril vão ser canonizados

Lisboa, 02 abr 2014 (Ecclesia) – O cardeal Mauro Piacenza, penitenciário-mor da Santa Sé, abordou hoje em Lisboa a canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II, marcada para o próximo dia 27 de abril.

Em declarações prestadas à Agência ECCLESIA, o representante do Vaticano destacou a forma “inteligente” e “corajosa” como João XXIII foi capaz de, no seu tempo, “transmitir os valores perenes da Igreja Católica e da tradição cristã”, e ao mesmo tempo abrir espaço “aos novos desafios”, convocando o Concílio Vaticano II.

“Ele não era certamente um inovador, mas tinha uma mente aberta ao Espírito Santo, típica dos homens que não são nem conservadores nem progressistas mas são homens de Deus”, referiu D. Mauro Piacenza.

Ordenado sacerdote em 1969, seis anos após a morte de João XXIII e numa altura em que João Paulo II já fazia parte do Colégio Cardinalício de Roma, o prelado italiano desenvolveu a sua vocação e missão na “vizinhança” destas duas figuras, das suas mensagens e ações pastorais.

Sobre Karol Wojtyla (1920-2005), o antigo prefeito da Congregação para o Clero sublinhou que ele veio trazer “uma explosão de entusiasmo” a uma Igreja Católica que atravessava um “período de estagnação”.

“Foi verdadeiramente um grande pontífice, que levou ao máximo a necessidade de uma Nova Evangelização, que ao nível do magistério esteve sempre à altura de todas as situações, com enorme coragem, e que tinha depois, no seu ADN, enraizada a verdadeira alma missionária da Igreja”, salientou.

Foram essas “virtudes heroicas”, acrescentou o penitenciário-mor da Santa Sé, que deram a João Paulo II a capacidade para viajar até aos “confins mais remotos da Terra”, para falar ao “coração” das pessoas, sobretudo dos “jovens”, e de “remar contra a corrente”, mesmo nas situações em que “toda a opinião pública apontava outro rumo”.

D. Mauro Piacenza está em Portugal desde terça-feira no âmbito de uma reunião geral da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, organismo dependente da Santa Sé ao qual preside e que é responsável por projetos de apoio às comunidades cristãs em mais de 140 países.

Esta manhã, durante uma eucaristia na igreja de Santo António em Lisboa, o cardeal italiano recordou aos responsáveis das diversas delegações da AIS, incluído à portuguesa, a importância de uma fé testemunhada através de ações concretas.

“A pregação muitas vezes passa ao lado das pessoas, mas o testemunho permanece”, frisou o prelado, incentivando os delegados a enfrentarem “com coragem” os desafios atuais, especialmente num tempo em que a perseguição religiosa é uma realidade cada vez mais presente, em países como a Nigéria, Síria, Sudão e Iraque.

Para D. Mauro Piacenza, “é uma dor imensa ver o decréscimo da presença cristã” nesses países, pessoas obrigadas a fugir em busca de segurança, quando por natureza, o cristianismo “colabora sempre com a causa da paz e privilegia a sã convivência com as outras religiões”.

A AIS deve continuar a “ajudar e a confortar as populações locais e, ao nível das estruturas, ajudar a sensibilizar a opinião internacional para um direito, a liberdade religiosa, que “é de todos”, concluiu.

JCP

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