Diretivas fazem parte da Constituição Apostólica «Universi Dominici Gregis»
Cidade do Vaticano, 31 dez 2022 (Ecclesia) – As disposições canónicas e litúrgicas para as exéquias de um Papa foram determinadas por São João Paulo II, na Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (1996).
O documento não prevê, contudo, uma situação como a do Papa emérito Bento XVI, que morreu hoje, com o seu sucessor ainda vivo; a última renúncia a um pontificado tinha acontecido em 1415, com Gregório XII, mas o seu sucessor foi escolhido apenas após a sua morte, em 1417.
Dado que as disposições em vigor dizem respeito ao período de Sé Vacante – entre a morte de um Papa e a eleição do seu sucessor -, os rituais devem ser adaptados pelo Departamento Litúrgico para as Celebrações do Sumo Pontífice.
Segundo o disposto no número 27 da Constituição Apostólica, após a morte do Papa, “os cardeais celebrarão as exéquias em sufrágio da sua alma, durante nove dias consecutivos, nos termos do ‘Ordo exsequiarum Romani Pontificis’.
No capítulo V da primeira parte da ‘Universi Dominici Gregis’ encontram-se os números referentes às “exéquias do Romano Pontífice” com regras claras para o tratamento mediático da morte.
“Não é lícito a ninguém fotografar nem captar imagens, seja pelo meio que for, do Sumo Pontífice, quer doente na cama, quer já defunto, nem gravar em fita magnética as suas palavras para depois reproduzi-las”, lê-se no documento.
Esta Constituição determina ainda que o cadáver do Papa seja enterrado na Basílica de São Pedro, prevendo mesmo o caso de trasladação no caso de o pontífice falecer fora de Roma.
Nenhuma decisão será tomada sem, contudo, ter sido lido o testamento de Bento XVI: se tiver designado um executor testamentário, compete a este estabelecer e executar, segundo o mandato recebido, aquilo que concerne aos bens privados e aos escritos do Papa emérito.
O corpo deve ser colocado dentro de três caixões, que se encaixam uns nos outros: o primeiro é de cedro, colocado dentro de outro feito de metal (chumbo/zinco) – é neste que está a inscrição com o nome do Papa e as datas do seu pontificado.
Estes dois são colocados dentro de um caixão de olmo, sem adornos, que será colocado na entrada da Basílica de São Pedro.
A última Missa exequial de uma Papa foi celebrada a 8 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, sob a presidência do então cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício.
O rito, em São Pedro, foi precedido pela colocação do corpo do falecido pontífice no caixão, fechado na presença do cardeal camerlengo, dos cardeais chefes da ordem, do cardeal arcipreste da Basílica do Vaticano, do cardeal ex-secretário de Estado, do cardeal vigário para a Diocese de Roma, do substituto da Secretaria de Estado, o prefeito da Casa Pontifícia, o esmoler do sumo pontífice, o vice-camerlengo, uma representação dos cónegos da Basílica de São Pedro, o secretário do Papa e familiares.
O mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice lê o ‘rogito’, elegia em latim, relatando os principais atos da vida do falecido Papa e, em seguida, estende-se o véu de seda branca sobre o rosto do defunto, que é aspergido com água benta.
No caixão são colocados um saco com as medalhas cunhadas durante o pontificado e o tubo com o ‘rogito’, depois de selado com o selo do Departamento das Celebrações Litúrgicas.
A liturgia fúnebre é concelebrada pelos cardeais e patriarcas das Igrejas Orientais.
Bento XVI indicou que deseja ser sepultado no piso inferior da Basílica de São Pedro, as Grutas do Vaticano, no túmulo que recebeu São João Paulo II, antes de ser transferido para uma capela perto da ‘Pietà’ de Michelangelo, após a sua canonização.
OC