Vaticano: Francisco condena antissemitismo e violência em nome da religião

Terceiro Papa a visitar na Sinagoga de Roma disse que judeus e cristãos são «irmãos»

Roma, 17 jan 2016 (Ecclesia) – O Papa visitou hoje a Sinagoga maior de Roma, repetindo um gesto cumprido por João Paulo II e Bento XVI, onde condenou todas as formas de antissemitismo e afirmou que judeus e cristãos são “irmãos”.

“Não a qualquer forma de antissemitismo”, afirmou, recordando o ensinamento consagrado na Igreja Católica pelo Concílio Vaticano II (1962-1965).

A visita começou simbolicamente junto da lápide que evoca a deportação dos judeus de Roma, em 1943, durante a II Guerra Mundial, local em que Francisco quis depor uma coroa de flores.

O Papa repetiria este gesto junto do memorial dedicado a Stefano Gai Taché, criança que foi assassinada num atentado terrorista em 1982.

Depois de ter percorrido a pé o percurso que o levou desde estes locais simbólicos ao templo maior dos judeus na capital italiana, cumprimentando dezenas de pessoas durante largos minutos, Francisco quis lembrar o 50.º aniversário da declaração ‘Nostra aetate’, do Concílio Vaticano II, que promoveu o “diálogo sistemático” entre a Igreja Católica e o judaísmo.

Além dos representantes de Roma e da Itália, na Sinagoga encontravam-se responsáveis de várias comunidades judaicas na Europa.

“Desejo que cresçam cada vez mais a proximidade, o conhecimento recíproco e a estima entre as nossas duas comunidades de fé”, disse o Papa, num discurso interrompido em diversas ocasiões pelas palmas dos presentes.

O pontífice argentino apelou a uma “lógica da paz” e da vida para superar as “profundas feridas” que afetam a humanidade, em particular no Médio Oriente.

“A violência do homem sobre o homem está em contradição com qualquer religião digna deste nome, em particular com as três grandes religiões monoteístas”, advertiu.

Francisco sublinhou que o povo judaico sofreu “a violência e a perseguição” ao longo da sua história, com destaque para a Shoah, o Holocausto durante a II Guerra Mundial, a “mais desumana barbárie”, que custou a vida a “seis milhões de pessoas”.

“O passado deve servir-nos de lição para o presente e o futuro: a Shoah ensina-nos que é preciso ter sempre máxima vigilância para poder intervir imediatamente em defesa da vida humana e da paz”, sustentou.

O Papa citou São João Paulo II, primeiro pontífice a visitar esta Sinagoga de Roma, em 1986, para falar dos judeus como os “irmãos mais velhos” dos católicos.

A este respeito, referiu que em dezembro de 2015, a comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o judaísmo publicou um documento sobre questões teológicas, que sublinha a “ligação inquebrável” entre cristãos e judeus.

“A Igreja, professando a salvação através da fé em Cristo, reconhece a irrevogabilidade da Antiga Aliança e o amor constante e fiel de Deus por Israel”, assinalou.

O rabino-chefe Riccardo Di Segni, por sua vez, tinha defendido que as duas comunidades se devem unir “contra qualquer atentado de cariz religioso e em defesa das vítimas”, procurando “trabalhar e colaborar no dia a dia”.

OC

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