Refugiados: Acolhimento tem de ir além do interesse na «sobrevivência dos estados»

Conclusões do XVI Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações

Bragança, 17 jan 2015 (Ecclesia) – Os Animadores Sociopastorais das Migrações realizaram o XVI encontro anual em Bragança, entre os dias 15 e 17 de janeiro, para analisar a problemática dos refugiados em torno do tema “Misericórdia sem fronteiras”.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, que promove este encontro com a Obra Católica Portuguesa de Migrações em parceria com a Agência ECCLESIA e o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, o acolhimento aos refugiados não pode ter como razão primeira a “sobrevivência dos estados”.

“Não nego que possa existir por parte dos políticos um interesse em receber mão-de-obra pela incapacidade de resolver o problema da natalidade, que têm de resolver sob pena de se tornar a sobrevivência dos estados a motivação primeira para acolher refugiados”, referiu Eugénio Fonseca no fim dos trabalhos.

O presidente da Cáritas Portuguesa considera também que a necessidade de mão-de-obra na Europa pode fazer com que ganhem “ambas as partes”, tanto o país que recebe como as pessoas que precisam de trabalho, rejeitando que seja “mão-de-obra a qualquer preço”.

Eugénio Fonseca acrescentou que o XVI Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações gerou “confiança” para continuar a desenvolver projetos sociais dirigidos aos refugiados, rejeitando o “receio que muitas vezes se pretende implementar” diante do que “é diferente, o que se desconhece”

Para Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) “importa ver que o fenómeno migratório é algo estrutural” e é necessário “apostar na interdependência, agir, colaborar, ter uma visão a médio prazo, não só de emergência”.

“Temos de planear e contar com o contributo que os migrantes e refugiados podem dar na construção das sociedades e de redefinir as nossas políticas para que o planeta terra seja a casa comum de todos os povos”, sublinhou a diretora da OCPM.

Eugénia Costa Quaresma referiu que o tema da misericórdia “incomoda por dentro, desinstala e faz aproximar do outro”.

Os trabalhos do XVI Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações decorreram no Seminário de São José, em Bragança, tendo iniciado com uma conferência de D. António Couto sobre a “Misericórdia na Bíblia”, de entrada livre, e terminado com a partilha do presidente da Cáritas no Líbano, padre Paul Karam.

No Dia Mundial do Migrante e Refugiado, este domingo, os cerca de 100 agentes sociopastorais das migrações associaram-se às comunidades de Macedo de Cavaleiros que participaram na celebração de abertura da Porta Santa no Convento de Balsamão, dos Padres da Imaculada Conceição, presidida por D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda.

PR

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