Reflexão sobre celebração do Corpo de Deus sublinha necessidade de doar-se aos outros
Cidade do Vaticano, 06 jun 2021 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que a Eucaristia é o “o pão dos pecadores”, rejeitando a ideia de que o sacramento seja reservado a “santos”.
“Jesus conhece-nos, sabe que somos pecadores e cometemos muitos erros, mas não desiste de unir a sua vida à nossa. Ele sabe que precisamos, porque a Eucaristia não é a recompensa dos santos, não, é o pão dos pecadores”, referiu, antes da recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício.
Francisco falava sobre a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, celebrada na última quinta-feira, no 60.° dia após a Páscoa; na Itália e outros países, contudo, por não ser feriado civil, celebra-se no domingo seguinte.
O Papa falou do sacramento da Eucaristia como a manifestação de Deus na sua fragilidade.
“A fragilidade é força: a força do amor que se torna pequeno para ser acolhido e não temido; força do amor que parte e partilha para alimentar e dar vida; força de amor que se fragmenta para nos unir a todos na unidade. E há outra força que se destaca na fragilidade da Eucaristia: a força de amar quem erra”, indicou.
A intervenção convidou a imitar o estilo de vida de Jesus, na sua “capacidade de se partir e doar-se aos irmãos”.
“Dá-nos a coragem de sair de nós próprios e de nos inclinarmos com amor para com as fragilidades dos outros. Como Deus faz connosco”, acrescentou.
Esta é a lógica da Eucaristia: acolhemos Jesus que nos ama e cura as nossas fragilidades, para amar os outros e ajudá-los nas suas fragilidades”.
O Papa assinalou que, na Última Ceia, Jesus “não distribui pão em abundância para alimentar as multidões, mas parte-se a si mesmo, na refeição da Páscoa com os discípulos”.
“Jesus mostra-nos assim que o objetivo da vida é doar-se, que a maior coisa é servir. E hoje encontramos a grandeza de Deus num bocado de pão, numa fragilidade que transborda de amor e de partilha”, observou.
O Papa Francisco preside hoje à Missa da solenidade do Corpo de Deus, seguindo o calendário litúrgico na Itália, às 17h30 (menos uma hora em Lisboa), na Basílica de São Pedro.
Esta festa litúrgica começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de Missa e ofício próprios.
OC