Vaticano espera diálogo com o Estado português

Secretário de Estado do Vaticano destaca comissão paritária e lembra relevância pública da Igreja O Secretário de Estado do Vaticano defendeu hoje a importância de a Santa Sé e a República Portuguesa promoverem o diálogo através da comissão paritária, criada ao abrigo do artigo 29.º da Concordata de 2004. Falando aos jornalistas reunidos em Fátima, o Cardeal Tarcisio Bertone referiu ter falado com o Primeiro-Ministro José Sócrates sobre a aplicação da Concordata e “outros problemas”, tais como os surgidos com os ATL’s. Neste sentido, considerou a comissão paritária como “um instrumento precioso” que é utilizado em vários pontos do mundo, dando mesmo a indicação que uma comissão semelhante deverá ser criada proximamente na Turquia. Ontem, em declarações ao Programa ECCCLESIA, o número dois do Vaticano tinah dito que há “problemas em cima da mesa”, relacionados com a aplicação da Concordata assinada em 2004, mas destacou as “boas relações” entre as a Santa Sé e a República Portuguesa. Em virtude do processo de reorganização estrutural dos serviços centrais da Administração, da parte do Estado, em Junho deste ano foram oficialmente nomeados como membros da Comissão Paritária o embaixador Fernando Manuel Mendonça d’Oliveira Neves, o director do Departamento de Assuntos Jurídicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e o director da Direcção Geral de Política de Justiça do Ministério da Justiça. A Santa Sé tem como delegados na comissão paritária D. João Alves, Bispo emérito de Coimbra; o Pe. Saturino Costa Gomes, director do Instituto Superior de Direito Canónico da UCP e Rui Pedro Costa Melo Medeiros, da Faculdade de Direito da UCP. O Artigo 29.º da nova Concordata refere que “a Santa Sé e a República Portuguesa concordam em instituir, no âmbito da presente Concordata e desenvolvimento do princípio da cooperação, uma Comissão paritária”, com a missão de “procurar, em caso de dúvidas na interpretação do texto da Concordata, uma solução de comum acordo”. Silenciamento da Igreja O Cardeal Bertone voltou, na conferência de imprensa, a uma das questões que tinha levantado na sua homilia desta manhã, a tentativa de “fazer calar” os cristãos e de procurar retirar “relevância pública” à Igreja Católica. Depois de referir que é necessário “rebelar-se” perante esta imposição de silêncio, o Secretário de Estado do Vaticano criticou uma “dificuldade de abertura ao transcendente” por parte da comunicação social. Falando de “ataques à fé” que incluem a deturpação de documentos históricos e de valorização de documentos não históricos (recorde-se que o Cardeal Bertone foi um dos grandes críticos de “O Código da Vinci”, por exemplo), o principal colaborador de Bento XVI pediu “a primeira página” também para os “fenómenos de intensa religiosidade”. “Devemos defender-nos e comunicar a fé, a fé de um grande povo, a fé dos simples”, sublinhou. Recordando experiências vividas enquanto secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Bertone revelou que são muitos os líderes de outras religiões que agradecem a “clareza” das posições dos Papas e que, aquando da publicação do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005) subscreveram o seu conteúdo. Neste contexto, disse que há “uma convergência para uma verdade moral fundamental”.

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