Vaticano: Embaixador português despede-se

Manuel Fernandes Pereira realça boas relações bilaterais, confirmadas nas negociações relativas aos feriados religiosos

Roma, 16 mar 2012 (Ecclesia) – O embaixador português junto da Santa Sé, Manuel Fernandes Pereira, foi hoje recebido por Bento XVI numa “visita de despedida”, a poucos dias de completar 65 anos, idade que o vai fazer abandonar o cargo.

O diplomata disse à Agência ECCLESIA que este gesto do Papa sublinha as boas relações bilaterais existentes, revelando que Bento XVI acompanha “com satisfação” o desenrolar das negociações relativas à eliminação de feriados religiosos e civis no calendário português.

“O Papa sabia que [as negociações entre Portugal e a Santa Sé] estão bem encaminhadas e a decorrer num clima muito favorável, isso também foi muito positivo”, revela.

Para este responsável, é preciso ter consciência da “abrangência da missão da Igreja Católica” e da importância dos contactos com outros continentes, no qual “Portugal e a língua portuguesa continuam a desempenhar um papel mundial”.

Neste sentido, Manuel Fernandes Pereira considera que a presença de uma embaixada portuguesa junto do Vaticano “é um assunto que nem sequer se põe em discussão”, lembrando que, com a última reorganização do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Direção de Serviços de Assuntos Europeus inclui nas suas competências as relações com a Rússia e a Santa Sé.

O embaixador, nascido a 2 de abril de 1947, chegou ao Vaticano em outubro de 2010, após ter sido representante permanente de Portugal junto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

“Uma das coisas que disse ao Santo Padre é que me lembraria sempre o tempo que aqui [Vaticano] tinha passado e do que ouvira da boca dele”, sublinha.

“A primeira coisa que marcou a minha estadia e que foi hoje vincada pelo Papa foi a gratidão e o sentimento de grande amor e simpatia que ele tem por Portugal, ao lembrar a visita de 2010 [11 a 14 de maio]”, acrescenta.

Manuel Fernandes Pereira destaca a convergência das duas diplomacias sobre temas como a paz no Médio Oriente e a proteção dos Direitos Humanos, “que para Portugal é muito importante”.

“Na conversa com o Santo Padre, falamos sobre a questão da liberdade religiosa e dizemos que tinha sido muito útil ouvir a posição da Santa Sé a este respeito”, acrescenta.

Como “motivo de satisfação”, o diplomata recorda ainda a oportunidade de ter acompanhado o consistório de 18 de fevereiro, em que foi criado um novo cardeal português, D. Manuel Monteiro de Castro.

A Santa Sé, enquanto órgão soberano da Igreja Católica, mantém atualmente relações diplomáticas com 179 Estados, somando-se ainda a União Europeia, a Ordem Soberana de Malta e a Organização para a Libertação da Palestina.

OC

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