Vaticano em choque com o parlamento belga

Protesto oficial por causa das declarações do Papa sobre o uso do preservativo é recebido com «espanto» e duras críticas O porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, reagiu com “espanto” e duras críticas ao protesto oficial aprovada pelo parlamento belga, na sequência das declarações do Papa sobre o uso do preservativo durante o voo que o levou até aos Camarões, no passado dia 17 de Março. A resolução belga – adoptada por 95 votos a favor, 18 contra e 7 abstenções – pede ao governo de Bruxelas que condene as afirmações feitas por Bento XVI, que classifica como “inaceitáveis”, e proteste oficialmente junto da Santa Sé. Em declarações à Rádio Vaticano, o Pe. Lombardi manifesta o seu espanto e lembra a “óbvia liberdade do Santo Padre e da Igreja Católica de expressarem as suas posições e linhas de acção sobre temas de evidente relação com a visão da pessoa humana e dea sua responsabilidade moral, com o compromisso educativo e formativo das pessoas, com o serviço de assistência a doentes e sofredores”. “A grande tradição e experiência da Igreja no campo da formação e da saúde, em especial nos países mais pobres, são tão evidentes que não precisam de ser comprovadas nem comentadas”, acrescentou. Para o porta-voz do Vaticano, “é lícito questionar-se se o ponto de vista do Santo Padre foi considerado com suficiente atenção ou seriedade, ou, pelo contrário, interpretado através do filtro não objectivo e equilibrado repercutido nos media ocidentais”. O episcopado belga divulgou esta manhã um comunicado de imprensa a respeito da resolução aprovada pelo Parlamento. Afirmando respeitar o carácter democrático da iniciativa, os Bispos dizem lamentar a decisão e apelam por uma reflexão serena. A nota acrescenta que os Bispos “esperam que, com a proximidade da Páscoa, a polémica emotiva se possa reduzir”. A questão sobre a SIDA no voo papal Philippe Visseyrias, «France 2»: Santidade, entre os muitos males que atormentam a África, existe também e sobretudo o da difusão da SIDA. A posição da Igreja católica sobre o modo de lutar contra ela é com frequência considerado irrealista e ineficaz. Vossa Santidade enfrentará este tema durante a viagem? Bento XVI – Eu diria o contrário: penso que a realidade mais eficiente, mais presente em primeira linha na luta contra a SIDA é precisamente a Igreja católica, com os seus movimentos, com as suas diversas realidades. Penso na Comunidade de Santo Egídio que faz tanto, de modo visível e invisível também, na luta contra a SIDA, nos Camilianos, em muitas outras realidades, em todas as Irmãs que estão à disposição dos doentes… Diria que não se pode superar este problema da SIDA só com dinheiro, mesmo se necessário; mas, se não há a alma, se os africanos não ajudam (assumindo a responsabilidade pessoal), não se pode superá-lo com a distribuição de preservativos: ao contrário, aumentam o problema. A solução pode vir apenas da conjugação de dois factores: o primeiro, uma humanização da sexualidade, isto é, uma renovação espiritual e humana que inclua um novo modo de comportar-se um com o outro; o segundo, uma verdadeira amizade também e sobretudo pelas pessoas que sofrem, a disponibilidade à custa até de sacrifícios, de renúncias pessoais, para estar ao lado dos doentes. E estes são os factores que ajudam e proporcionam progressos visíveis. Diria, pois, que esta nossa dupla força de renovar o homem interiormente, de dar força espiritual e humana para um comportamento justo em relação ao próprio corpo e ao do outro, e esta capacidade de sofrer com os doentes, de permanecer presente nas situações de prova. Parece-me que esta é a resposta justa, e a Igreja faz isto e deste modo presta uma grandíssima e importante contribuição. Agradecemos a todos aqueles que o fazem. (Tradução oficial do Vaticano)

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