Vaticano diz que quebra demográfica não ajuda a reduzir pobreza

O Arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico nas Nações Unidas, defendeu em Nova Iorque que a quebra demográfica não ajuda a reduzir pobreza. O observador permanente da Santa Sé falava na 42ª sessão da Comissão para população e desenvolvimento. “A leitura dos documentos preparatórios para esta sessão da Comissão – disse D. Migliore – dá a impressão de que as populações são vistas como o maior obstáculo ao desenvolvimento económico e social, e não como contribuintes vitais para o sucesso dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e um maior desenvolvimento sustentável”. Somada às declarações de algumas ONG’s, prosseguiu, “esta leitura sugere que a própria instituição que propôs os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, quinze anos atrás, está a dar prioridade ao controlo populacional e induz os pobres a aceitarem essas regras, ao invés de se concentrar nos compromissos assumidos para resolver os problemas da educação, cuidados básicos de saúde, acesso à água, saneamento e emprego”. Antes da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, especialistas em demografia e políticos alertaram que o aumento da população mundial criaria um enorme fardo sobre o mundo, com terríveis consequências: carência alimentar, fome de massa, destruição ambiental e de recursos, novos conflitos. “Hoje, quinze anos mais tarde, o crescimento da população tem-se reduzido; a produção de alimentos continua a aumentar e seria até suficiente para todos, tanto que uma parte está a ser desviada para a produção de combustíveis”, indicou D. Migliore. Neste contexto, o Núncio na ONU disse que “é quase irónico que a destruição ambiental seja praticada principalmente pelos países com menores índices de crescimento e que os países ricos apoiem o incremento da população nas suas casas, ao mesmo tempo que trabalham para reduzi-la nos países pobres”. A Santa Sé continua a acreditar que o acesso à educação, oportunidades económicas, estabilidade política, cuidados básicos de saúde e apoio às famílias devem a ser a base para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. No final do discurso, em nome da Santa Sé, D. Migliore, reafirmou as reservas feitas nas Conferências do Cairo e Pequim: “o aborto não é uma forma legítima de saúde sexual e reprodutiva, direitos ou serviços”. (Com Rádio Vaticano)

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