Vaticano: Diretório para a Catequese responde a novo modelo de comunicação e de formação – D. Rino Fisichella

Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização sublinha necessidade de superar «esquema escolar»

Cidade do Vaticano, 25 jun 2020 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé) disse no Vaticano que o Diretório para a Catequese que foi lançado hoje quer responder a “novos modelos de comunicação e de formação”.

“A Igreja está diante de um grande desafio que se concentra na nova cultura com a qual se vai encontrando, a cultura digital. Centrar a atenção num fenómeno que se impõe como global obriga todos os que têm responsabilidade da formação a evitar subterfúgios”, referiu D. Rino Fisichella, esta manhã, em conferência de imprensa com transmissão online.

O documento foi apresentado aos jornalistas pelos responsáveis do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé), que desde 2013, por decisão de Bento XVI, hoje Papa emérito, assumiu entre as suas competências o setor da Catequese.

A publicação de um Diretório para a Catequese foi apresentada como “um acontecimento feliz para a vida da Igreja”, sendo anunciadas duas edições em língua portuguesa (Brasil e Portugal).

D. Rino Fisichella destacou que a cultura digital tem “um valor que sente os efeitos da globalização” e manifesta a “transformação radical dos comportamentos que incidem sobretudo na formação da identidade pessoal e nas relações interpessoais”.

Neste sentido, o arcebispo italiano falou de um “novo modelo de comunicação e de formação que toca inevitavelmente também a Igreja no complexo mundo da educação”.

Desde o Concílio Vaticano II (1961-1965) foram publicados o Diretório Catequístico Geral, em 1971, e o Diretório Geral de Catequese, de 1997; a 11 de outubro de 1992, São João Paulo II publicou ainda o Catecismo da Igreja Católica.

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização sublinhou a necessidade de novo Diretório, que abordasse “as problemáticas inerentes à cultura digital” e apresentasse “percursos a realizar para que a catequese se torne uma proposta que encontra o interlocutor que seja capaz de a compreender e de ver como se adequa ao seu mundo”.

O responsável sublinhou que a evangelização “ocupa o primeiro lugar na vida da Igreja”, pelo que a Catequese deve ser lida nesta chave, vendo em cada catequista “um genuíno evangelizador”.

O coração da catequese é o anúncio da pessoa de Jesus Cristo, que ultrapassa os limites de espaço e de tempo para se apresentar a cada geração como a novidade oferecida para alcançar o sentido da vida. Nesta perspetiva, é indicada uma nota fundamental de que a catequese deve apropriar-se: a misericórdia”.

Segundo D. Rino Fisichella, é urgente levar a cabo a “conversão pastoral” para libertar a catequese de “algumas armadilhas” que impedem a sua eficácia, a começar pelo “esquema escolar”, segundo o qual a catequese de iniciação cristã é vivida no paradigma da escola.

O responsável fala ainda de uma mentalidade que liga à Catequese á “receção de um sacramento”.

“É evidente que, quando a iniciação tiver terminado, se vai criar um vazio para a catequese”, advertiu o arcebispo italiano.

A intervenção advertiu ainda para a “instrumentalização do sacramento por parte da pastoral”, dando como exemplo o adiamento do sacramento da Confirmação para manter na paróquia os adolescentes.

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização destacou que o “primeiro anúncio” é essencial, promovendo o “encontro que permite que se experimente a presença de Deus na vida de cada um”.

Durante demasiado tempo a catequese centrou os seus esforços em dar a conhecer os conteúdos da fé e na pedagogia com a qual os devia transmitir, descurando infelizmente o momento mais determinante que é o ato de cada um escolher a fé e dar o seu assentimento”.

O documento propõe uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã e do património de arte, literatura e música.

“Fazemos votos de que este novo Diretório para a Catequese possa servir verdadeiramente de ajuda e de apoio à renovação da catequese no processo único de evangelização que, desde há dois mil anos, a Igreja não se cansa de realizar, para que o mundo possa encontrar Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem para nossa salvação”, concluiu D. Rino Fisichella.

Em Portugal o novo documento orientador da Catequese vai ser editado pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã, com apresentação da obra nas Jornadas Nacionais de Catequistas.

OC

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Agência ECCLESIA

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