Academia Pontifícia das Ciências promove dois dias de reflexão para «reduzir perda e desperdício de alimentos»
Vaticano, 11 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco referiu hoje que o “desperdício alimentar contribui para a fome e as mudanças climáticas”, no primeiro de dois dias de uma conferência sobre o tema do desperdício promovida pela Academia Pontifícia das Ciências.
“Devemos acabar com a cultura do descarte, nós que pedimos ao Senhor que nos dê o pão quotidiano. O desperdício alimentar contribui para a fome e as mudanças climáticas”, escreveu o Papa Francisco, na sua conta da rede social Twitter.
Devemos acabar com a cultura do descarte, nós que pedimos ao Senhor que nos dê o pão cotidiano. O desperdício alimentar contribui para a fome e as mudanças climáticas. https://t.co/y5Zo1hgOiu
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) November 11, 2019
Até terça-feira, o Vaticano recebe uma conferência sobre ‘Desperdício de Alimentos’, com o objetivo de partilhar os métodos científicos mais recentes sobre como “reduzir a perda e o desperdício de alimentos” e, desta forma, “contribuir para a segurança alimentar global”.
A Academia Pontifícia das Ciências quer também fornecer “recomendações” para ações globais e nacionais de cidadãos, empresas, governos e organizações internacionais e “ampliar a aliança de atores para obter um impacto mais significativo”.
A organização salienta que atingir a meta dos Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – ODS “exige ações abrangentes e sustentadas” que abordem as causas e consequências sociais, económicas e ambientais desse problema.
Neste contexto, acrescenta que requer abordagens que promovam a educação, criem a consciencialização, promovam o diálogo e estimulem a ação global pela criação de “incentivos para fortalecer o business case para combater a perda e o desperdício de alimentos e avançar para um consumo mais sustentável”.
Ao sítio online ‘Vatican News’, o físico brasileiro Vanderlei Bagnato, e membro da referida academia, contabilizou que “cerca de 35% dos alimentos é desperdiçado”.
“Seja no transporte, seja no armazenamento, seja de outras formas. Isso tem que de alguma maneira ser contornado”, explicou o professor da USP de São Carlos, alertando para o “momento complicado” onde se produz “cada vez mais alimento” mas “não chegam às pessoas”.
Neste contexto, Vanderlei Bagnato assinalou que a Academia Pontifícia das Ciências juntou “autoridades de todo o mundo” para discutir se “a ciência pode fazer alguma coisa” e se a tecnologia também pode fazer alguma coisa “ou é só uma questão de logística”.
“Hoje tem de produzir uma banana na Costa Rica e levá-la para a América do Norte. Então, não é só uma questão de logística, a tecnologia tem de estar presente para que minimize os gastos”, exemplificou.
Desta conferência pretende-se que a divulgação de uma declaração que “apela a uma ação conjunta de políticas públicas e do setor privado” para definir prioridades globais, regionais, nacionais e corporativo; aumentar, alinhar e coordenar investimentos e comprometer-se a medir e relatar métricas de reduzir a perda e o desperdício de alimentos”.
A Academia Pontifícia das Ciências lembra que na Encíclica ‘Laudato Si: Sobre o cuidado da nossa casa comum’, o Papa Francisco pede mudanças na “trajetória e funcionamento da economia mundial”, explicando que o atual modelo económico leva à “destruição do meio ambiente devido à apatia, à busca imprudente do lucro, à fé excessiva na tecnologia e à miopia política” e resultou numa cultura onde “itens e pessoas indesejadas são descartados como lixo”.
CB/OC