Vaticano: Comissão para a Tutela dos Menores fala em «prioridade» de evitar abusos sexuais e destaca importância de ouvir as vítimas

Brasil vai receber projeto-piloto do organismo

Cidade do Vaticano, 10 set 2018 (Ecclesia) – A Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores (CPTM), da Santa Sé, concluiu este domingo a sua assembleia plenária, na qual o Papa destacou a necessidade de ouvir as vítimas.

Segundo o comunicado final, divulgado pela Santa Sé, Francisco espera que estas histórias de quem sofreu abusos “direcionem a resposta da Igreja para proteção e a salvaguarda dos menores”.

A assembleia da CPTM começou os trabalhos com os testemunhos de duas mulheres, incluindo uma mãe de dois filhos – hoje adultos – “abusados quando eram crianças”.

Os membros do organismo do Vaticano aludiram aos “recentes acontecimentos na Igreja universal”, relativos a estes casos, “que feriram muitos, incluindo aqueles que sofreram abusos, as famílias e as comunidades de fiéis”.

“Estes atos privaram muitas crianças da sua infância. Os questionamentos que surgiram nos últimos meses, não só colocam a atenção na seriedade da questão dos abusos mas também representam a oportunidade para colocar a atenção de todos nos instrumentos de prevenção”, pode ler-se no comunicado final.

O CPTM anunciou lançamento de vários projetos-pilotos de prevenção, o primeiro dos quais será implementado no Brasil; em 2019, em parceria com a Conferência Episcopal Brasileira, o organismo vai oferecer uma semana de formação sobre o tema da salvaguarda a bispos e formadores, em Aparecida.

“Através destes projetos, é desejável que também as lideranças das Igrejas locais beneficiem do testemunho direto das vítimas, para que assim aperfeiçoem continuamente a proteção e a salvaguarda que oferecem às crianças e adultos vulneráveis”, adianta o comunicado.

O presidente da CPTM, cardeal Sean Patrick O’Malley, disse ao portal de notícias do Vaticano que “levar a voz das vítimas aos representantes da Igreja é crucial para que todos entendam como é importante dar respostas de maneira rápida e correta a cada situação de abuso que se apresente em qualquer momento”.

“Em particular, à luz da situação atual, se a Igreja se demonstrar incapaz de responder com todo o coração e de fazer deste tema uma prioridade, todas as nossas outras atividades de evangelização, ou mesmo de caridade e educacional, serão prejudicadas. Esta deve ser a prioridade”, advertiu.

O tema deve voltar a estar na agenda da reunião do conselho consultivo de cardeais para a reforma da Cúria Romana, o chamado C9, que decorre entre hoje e quarta-feira, no Vaticano; este é o 26.º encontro do órgão consultivo criado pelo Papa Francisco.

OC

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