Vaticano/China: Padre Peter Stilwell defende aproximação, com política de «longo prazo»

Antigo reitor da Universidade de São José, em Macau, destaca crescimento do Cristianismo no gigante asiático, que em 2030 pode ser o maior país cristão do mundo

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 02 out 2020 (Ecclesia) – O padre Peter Stilwell, que terminou em 2020 um mandato de oito anos como reitor da Universidade de São José, em Macau, defendeu a aproximação entre Pequim e o Vaticano, com uma política de “longo prazo”.

“Não sou ingénuo. Sei que as coisas são difíceis e sei que há dificuldades nas comunidades que sempre foram fiéis ao Papa e algumas têm sido maltratadas, outras vivem na clandestinidade com grandes dificuldades. Mas é preciso não perder de vista a grande imagem e os grandes objetivos; a Santa Sé tem de olhar para a Igreja na China em termos de longo prazo, não apenas no presente”, refere o sacerdote, em declarações à Agência ECCLESIA.

O antigo responsável pela única universidade católica na China continental, que agora assume a direção do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso no Patriarcado de Lisboa, sublinha o pragmatismo do Vaticano, na renovação do acordo com Pequim, sobre a nomeação de bispos, sublinhando que em 2030 a China pode ser ‘o maior país cristão do mundo’.

O Acordo Provisório assinado em 22 de setembro de 2018 entre a Santa Sé e a República Popular da China, relativo à nomeação de bispos, entrou em vigor um mês após a assinatura e conclui-se no próximo dia 22; a Santa Sé já manifestou a sua intenção de o renovar.

“Havia o risco de a China desenvolver uma Igreja que se viesse a tornar cismática. Havia a Igreja oficial cismática, que não estaria em ligação com o Vaticano, e havia a Igreja clandestina, cada vez mais acossada pelo regime à medida que ele procura controlar todos os sectores da sociedade”, indica o padre Peter Stilwell.

O responsável católico assinala que a Santa Sé “tratou pragmaticamente do assunto”, numa área-chave, como é a nomeação dos bispos, procurando promover a unidade entre as comunidades.

“Existe a Igreja chamada patriótica e a Igreja clandestina, mas existe também a Igreja que são as pessoas que neste momento procuram um sentido para a sua vida, com grande desenvolvimento económico e social em curso na China, e muitos têm procurado no Cristianismo e concretamente no Catolicismo uma resposta para as suas procuras existenciais e religiosas”, indica o sacerdote.

Eu estive em Missas em Xangai, e noutras cidades; em todas elas eu notei que estavam a abarrotar de gente. Na última, as pessoas tinham trazido os seus banquinhos para se sentarem no adro da igreja”.

O antigo reitor da Universidade de São José, em Macau, refere que vários analistas apontam para que, no ano de 2030, a China possa ser “maior país cristão do mundo”, num crescimento que acontece, sobretudo, “na área dos protestantes evangélicos”.

A entrevista, que vai ser emitida no Programa ‘70×7’, este domingo, pelas 17h50, na RTP2, aborda a questão dos protestos em Hong Kong e as limitações que se colocam à universidade católica, em Macau, que não pode abrir candidaturas no território da China continental.

Na manhã de quinta-feira, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, recebeu em audiência o seu homólogo norte-americano, Mike Pompeo, para debater as respetivas posições sobre a China.

OC

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Agência ECCLESIA

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