Vaticano: Cardeal Ravasi propõe criação de «polo cultural» que una instituições da Cúria

Presidente do Conselho Pontifício da Cultura diz que reforma promovida pelo Papa é uma «transformação eclesial»

Lisboa, 10 fev 2015 (Ecclesia) – O Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), revelou à Agência ECCLESIA que vai propor ao Papa a criação de um novo “polo cultural” que una várias instituições da Cúria Romana.

“Poderia ser um único grande dicastério, que se relaciona com muitas instituições: pensemos na Academia das Ciências, na Academia das Ciências Sociais, os Museus do Vaticano, a Biblioteca Apostólica, o Arquivo Secreto, o Observatório Astronómico. Ou seja, conseguir fazer um polo cultural, que possa ser um grande serviço às comunidades eclesiais espalhadas pelo mundo”, refere o cardeal italiano.

A proposta vai ser lançada durante o consistório (reunião de cardeais) destas quinta e sexta-feira, convocado por Francisco para “ponderar sobre as orientações e as propostas para a reforma da Cúria Romana”, um encontro que antecede o consistório público para a criação de novos cardeais, incluindo D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, no sábado.

Segundo o cardeal Gianfranco Ravasi, “cultura e educação – que atualmente são dois dicastérios vaticanos – podem muito bem tornar-se uma única entidade”.

“Se olharmos bem, a palavra educação quer dizer ‘educere’, conduzir para fora – os valores de uma pessoa, portanto, a formação. Instruir, a cultura, é por outro lado, introduzir elementos, valores”, explica.

Atualmente, a Cúria Romana tem uma Congregação para a Educação Católica e um Conselho Pontifício da Cultura, a que está associada a Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja.

O Papa preside até quarta-feira à oitava reunião do Conselho dos Cardeais – conhecido como ‘C-9’ – que criou para o auxiliarem na reforma da Cúria Romana, o qual apresentou em setembro de 2013 um esboço de nova Constituição para a Cúria Romana, discutido com os responsáveis dos organismos centrais do governo da Igreja, dois meses depois.

O cardeal Gianfranco Ravasi participou esta segunda-feira à tarde, no encontro de trabalho, para apresentar a sua visão.

Segundo o presidente do CPC, este é um processo de “transformação, como aconteceu com Paulo VI quando fez a reforma da Cúria”.

“É uma transformação eclesial, não burocrática, eclesial, porque significa que a Cúria Romana já não é autorreferencial, não só porque chegam membros de outras nações, sem ter sempre a prevalência italiana. É concebê-la como uma parte do ministério petrino, que tem a função de ligar na unidade as Igrejas dispersas e servi-las, ajudá-las”, precisa.

A Cúria Romana – o conjunto dos dicastérios e dos organismos que coadjuvam o Papa no exercício da sua missão – tem como instituições principais uma Secretaria de Estado, uma Secretaria para a Economia, nove Congregações, três Tribunais e doze Conselhos Pontifícios.

“É uma reforma de método e é mais do que apenas procurar determinar quais são os controlos da Cúria Romana, da sede central, como acontece na banca, nos grandes bancos: grandes centros de poder que controlam a periferia. Não, aqui pelo contrário é tentar um método diferente de diálogo, de relacionamento com as instituições, com as Igrejas, por isso, também com as culturas espalhadas pelo mundo”, sublinha o cardeal Gianfranco Ravasi.

Em relação ao consistório público deste sábado, o presidente do CPC considera “interessante” que o Papa “tenha nomeado, de surpresa, tantos cardeais de culturas diferentes”.

Francisco vai criar 15 cardeais eleitores, provenientes de 14 países, incluindo D. Manuel Clemente e o bispo de Santiago (Cabo Verde), D. Arlindo Furtado, para além de prelados do Vietname, Tailândia, Mianmar, Nova Zelândia, Tonga, Etiópia, Uruguai e Panamá.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top