Joseph Ratzinger nasceu na Alemanha, a 16 de abril de 1927, Sábado Santo
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Cidade do Vaticano, 16 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI assinala hoje o seu 95.º aniversário, tornando-se assim o primeiro pontífice católico a completar essa idade.
Bento XVI renunciou ao pontificado há oito anos, um gesto histórico, mantendo uma vida reservada no antigo Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, de onde saiu em 2020, para se despedir, na Alemanha, do seu irmão mais velho, que viria a falecer.
O ‘Mater Ecclesiae’ é um mosteiro nos jardins do Vaticano, onde o Papa emérito vive desde maio de 2013, três meses depois da sua renúncia ao pontificado, assistido pelo seu secretário particular, o arcebispo Georg Gänswein, e um grupo de leigas da associação ‘Memores Domini’.
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, tal como acontece em 2022, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.
Nos últimos meses da II Guerra Mundial (1939-1945), foi arrolado nos serviços auxiliares antiaéreos pelo regime nazi.
Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.
De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia.
Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’.
O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de junho de 1977.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guaiaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro; mo mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
O Papa polaco nomeou o cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981.
No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.
Embora persistam incertezas quanto aos dados dos pontificados dos primeiros séculos, Bento XVI já ultrapassou, em longevidade, os Papas que mais anos viveram, até hoje, Celestino III (1105-1198) e Leão XIII (1810-1903); estes dois pontífices faleceram aos 93 anos.
O Papa Francisco visitou na última quarta-feira o seu antecessor, para o felicitar pelo aniversário natalício, tendo ambos mantido uma “conversa curta e afetuosa” e um breve momento de oração, informou o Vaticano.
Bento XVI, que nos últimos anos não apareceu em público, divulgou a 8 de fevereiro deste ano uma carta em que responde às acusações de má gestão de casos de abusos sexuais, enquanto arcebispo de Munique, pedindo perdão a todas as vítimas destas situações.
“Mais uma vez, posso apenas expressar a todas as vítimas de abusos sexuais a minha profunda vergonha, a minha grande dor e o meu sincero pedido de perdão. Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Tanto maior é a minha dor pelos abusos e os erros que se verificaram durante o tempo do meu mandato nos respetivos lugares”, assinalou.
Um relatório independente sobre abusos sexuais na arquidiocese católica de Munique e Frisinga, na Alemanha, foi publicado a 20 de janeiro, questionando a gestão destes casos pelo então arcebispo Joseph Ratzinger, Bento XVI, durante os cinco anos em que esteve à frente dessa comunidade.
O Papa emérito respondeu às questões levantadas pela comissão com um ‘Pró-memória pessoal’ de 82 páginas, tendo sido acompanhado por uma equipa de peritos para estudar e analisar a perícia quase 2 mil páginas.
Os colaboradores de Bento XVI consideram como “falsas” todas as imputações apontadas pela comissão independente ao então arcebispo Ratzinger.
A carta do Papa emérito apontava ao final da sua vida.
“Em breve me encontrarei perante o último Juiz da minha vida. Embora ao olhar retrospetivamente a minha longa vida possa ter tantos motivos de susto e medo, todavia estou com o coração feliz porque confio firmemente que o Senhor não é só justo juiz, mas simultaneamente é o amigo e o irmão que já padeceu, Ele mesmo, as minhas deficiências e, consequentemente, ao mesmo tempo é juiz e meu advogado”, referiu.
OC