Vaticano: Antigo porta-voz de João Paulo II defende ação perante casos de pedofilia

Biógrafo e secretário particular do Papa polaco também falaram hoje aos jornalistas sobre o futuro santo

Cidade do Vaticano, 25 abr 2014 (Ecclesia) – O antigo porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, disse hoje que o Papa João Paulo II (1920-2005) agiu contra os casos de pedofilia no seio da Igreja e recordou que “ninguém” se apercebeu inicialmente da dimensão da situação.

“Ele não percebeu logo esse cancro, mas ninguém o percebeu. Começou nos Estados Unidos, em casos isolados e que tinham acontecido há 20 ou 30 anos, depois cresceu, mas o Papa preocupou-se muito, imediatamente, era necessário perceber bem a questão e João Paulo II começou de pronto a tomar decisões”, declarou o diretor da sala de imprensa da Santa Sé entre 1984 e 2006, que acompanhou mais de duas décadas do pontificado do futuro santo.

Falando aos jornalistas que se encontram no Vaticano para acompanhar as canonizações do Papa polaco e de João XXIII, o antigo responsável espanhol deu como exemplo o “caso gravíssimo” do Marcial Maciel Degollado, fundador dos Legionários de Cristo, cujo processo se iniciou com João Paulo II, concluindo-se no primeiro ano pontificado de Bento XVI.

Navarro-Valls recordou que João Paulo II tomou “decisões de natureza jurídica” depois de ter chamado ao Vaticano todos os cardeais dos EUA, uma das quais passou por dar “plenos poderes” à Congregação para a Doutrina da Fé e ao então cardeal Joseph Ratzinger.

O antigo porta-voz destacou a “alegria” com que o Papa polaco suportava o sofrimento e o bom humor com que vivia cada dia, dando como exemplo uma resposta que recebeu, em 2004, quando sugeriu a João Paulo II que tirasse 30 dias de férias como estava previsto na lei italiana: ‘Que pena, eu não sou italiano, sou do Vaticano”.

“Era o trabalho de um santo. Todos temos consciência do enorme trabalhado daquele pontificado, mas ele não sabia perder um minuto, fisicamente, e ao mesmo tempo nunca tinha pressa, não existia ansiedade no seu rosto. Para mim isto não era apenas uma capacidade humana, mas havia algo que jorrava da sua alma”, lembrou.

Navarro-Valls mostrou-se muito impressionado pela forma como João Paulo II rezava, uma impressão partilhada pelo cardeal Stanislaw Dsiwisz, que foi secretário particular de Karol Wojtyla durante 39 anos.

 “Vivi com um santo”, referiu o arcebispo de Cracóvia, para quem a oração envolvia “toda a sua vida” do Papa polaco, com intenções “concretas”.

O cardeal destacou ainda a capacidade de viver o “sofrimento” e a “amizade exigente” com os jovens que o futuro santo conseguiu criar.

Georges Weigel, biógrafo de João Paulo II, também falou aos jornalistas, apresentando Wojtyla como o “grande mestre” do mundo contemporâneo.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top