Uma visita cheia de simbolismo

Bento XVI passará por alguns dos locais mais significativos para centenas de milhões de crentes em todo o mundo Bento XVI chegou esta Segunda-feira a Israel, onde visitará ao longo dos próximos dias alguns dos locais mais significativos para centenas de milhões de crentes em todo o mundo, judeus, cristãos e muçulmanos. O ponto alto deste dia 11 de Maio é a Visita ao Memorial de Yad Vashem, aos Mártires e Heróis do Holocausto, em Jerusalém. Este é o memorial de Israel para as vítimas do Holocausto nazi. O Yad Vashem convida os seus visitantes a estudar este capítulo da história e aproximarem-se dos seis milhões cujo direito básico à vida foi negado pelo facto de serem judeus. Entre os heróis celebrados no jardim dos “justos entre as nações” encontram-se vários católicos, à margem da polémica gerada pelas acusações de silêncio dirigidas a Pio XII, o Papa que guiou a Igreja Católica na II Guerra Mundial. O memorial foi visitado por João Paulo II a 23 de Março de 2000. Bento XVI irá encontrar-se com seis sobreviventes do Holocausto. Tal como o Papa polaco, Bento XVI terá ainda um encontro com as organizações para o diálogo inter-religioso no Auditório de Notre Dame, no Jerusalem Center. O dia 12 de Maio inicia-se com a visita à Cúpula da Rocha, na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. Em 638, os muçulmanos conquistaram Jerusalém e construíram a Cúpula e a mesquita de Al-Aqsa, a maior de Jerusalém. A Cúpula da Rocha recebeu o seu nome devido à grande rocha actualmente protegida no interior da Mesquita de Omar. Bento XVI fará uma visita de cortesia ao Grão-Mufti. Um dos pontos altos da visita aconteceu junto do Muro das Lamentações, à imagem do que foi a viagem de João Paulo II em 2000. Este é o único vestígio do antigo templo de Herodes, erigido por Herodes o Grande no lugar do primitivo Templo de Jerusalém. Foi destruído por Tito no ano de 70. A Praça do Muro das Lamentações é visitada por milhões de judeus, que oferecem orações e bilhetes contendo desejos profundos que são inseridos entre as fendas das pedras. Bento XVI, segundo o Vaticano, irá ele próprio fazer um gesto semelhante. Nos passos de Jesus Neste mesmo dia, o Papa recitará o «Regina Caeli» no Cenáculo de Jerusalém, um dos monumentos mais importantes da fé cristã, a sudoeste da cidade velha, no Monte Sião. Desde os tempos mais antigos, a tradição diz que aqui se realizou a Última Ceia. No século XV, o local foi transdormado numa mesquita. Actualmente, na parte inferior do edifício venera-se o túmulo do Rei David e na parte superior, primeiro andar, está a Sala do Cenáculo. Após uma breve visita à co-Catedral dos Latinos de Jerusalém, Bento XVI preside a uma Missa ao ar livre no Getsemani, onde segundo os Evangelhos Jesus passou as suas últimas horas rezando antes de ser preso. O Monte das Oliveiras é um local sagrado tanto para os judeus quanto para os cristãos. Belém A Quarta-feira, 13 de Maio, é dedicada à cidade de Belém, na Cisjordânia, na qual nasceu Jesus, segundo os Evangelhos. O Papa presidirá a uma Missa na Praça da Manjedoura de Belém, 10 quilómetros a sudeste de Jerusalém. O sítio principal em Belém é a Igreja da Natividade, situada na referida Praça e construída sobre a gruta onde Jesus nasceu. O Papa fará ainda uma visita privada à Gruta da Natividade. O Evangelho de Lucas diz-nos que Maria e José não tiveram lugar na hospedaria e se viram obrigados a procurar refúgio numa gruta transformada em estábulo. No século IV, Helena, mãe do Imperador Constantino, mandou construir naquele local uma enorme basílica. Hoje, passados muitos séculos, deste templo resta apenas a estrutura essencial, isto é: as cinco naves divididas em quatro filas de onze colunas e uma pequena parte do antigo chão em mosaico, visível sob algumas tábuas de madeira. Bento XVI visita ainda o “Caritas Baby Hospital” de Belém e o Campo de refugiados de Aida. Em 2000, João Paulo II visitara o campo de Dheisheh. Nazaré Na Quinta-feira desta semana, o Papa visita Nazaré, na Galileia. O dia inicia-se com uma Missa no Monte do Precipício em Nazaré. Segundo os Evangelhos, Jesus foi ali levado para ser atirado desde o penhasco, após um sermão na sinagoga. A montanha encontra-se perto de Nazaré e tem vista para o Vale de Jezreel e outras paisagens da Galileia. As ruínas da Capela da Virgem do Medo encontram-se perto do monte, lembrando o receio que Maria terá sentido quando a multidão tentou atirar Jesus ao precipício. Bento XVI visitará ainda a Gruta e a Basílica da Anunciação, construída sobre a gruta onde, segundo os Evangelhos, Maria recebeu a visita do Anjo Gabriel a anunciar o nascimento de Jesus. Trata-se do quinto edifício construído neste lugar sagrado. O primeiro, que segundo a tradição foi mandado construir por Helena, mãe de Constantino, data de 356. Sucessivamente outras igrejas foram construídas pelos Bizantinos, Cruzados e Franciscanos, cujo santuário foi destruído em 1955 para deixar lugar à actual Basílica terminada em 1969. No centro da nave principal abre-se a entrada à cripta onde fica a “Gruta de Nossa Senhora”, no interior da qual uma coluna com a inscrição “Ave-Maria” indica o lugar onde apareceu o Anjo. Jerusalém O último dia da viagem, a 15 de Maio, volta a Jerusalém, com um encontro ecuménico na Sala do Trono da Sede do Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém, que acolheu em 1964 o histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Ecuménico Atenágoras I. O ponto alto de Sexta-feira é a visita ao Santo Sepulcro de Jerusalém, local onde o corpo de Jesus terá sido colocado após a sua crucifixão. Na época de Jesus, este local deveria estar além muralhas da cidade, e num sítio mais alto, porque todos deveriam ver os condenados a penas capitais. Chamava-se Gólgota, deriva do aramaico «gulgoleth», que significa lugar do crânio. Actualmente o Santo Sepulcro é subdividido entre seis comunidades religiosas: católica, grego-ortodoxa, arménia, copta, síria e abissina. No topo do Gólgota, ao qual se pode subir por meio duma escada, existem hoje duas capelas: uma católica e outra greco-ortodoxa. Na católica situam-se duas estações da Via-Sacra: “Jesus desnudado e Jesus crucificado”. Na capela greco-ortodoxa está a estação: “Jesus morto na cruz”. Na parte inferior do altar emerge o cume duma rocha: um sinal de prata indica o lugar onde, provavelmente, foi pregada a cruz. Uma pedra de calcário, com tons rosados, representa para os latinos, o lugar onde, sobre o corpo de Jesus, depois de retirado da cruz, foi espalhada “uma composição de mirra e aloés”. Através do coro latino, chega-se à edícula, formada por dois ambientes: a capela do anjo e a câmara mortuária, uma pequeníssima câmara “ad arcololium”, que é também a última estação da via dolorosa. Uma laje de mármore branco com quase dois metros de comprimento fecha a rocha originária daquele túmulo. Sobre este estão penduradas 43 lâmpadas de prata: os gregos, latinos e arménios possuem treze cada e os coptas têm quatro. A estadia em Jerusalém conclui-se com a visita à Igreja Patriarcal Arménia Apostólica de São Tiago de Jerusalém. A construção actual é uma alteração do edifício do século XI e é pertença da Igreja arménia-ortodoxa. O interior, ricamente adornado, conserva pedras relacionadas com os lugares bíblicos: Sinai, Tabor e Jordão.

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