Uma vida no bairro do Fim do Mundo

Irmã Elvira Nadais, salesiana, trabalha há mais de 40 anos junto dos mais pobres

Estoril, Lisboa, 27 jan 2014 (Ecclesia) – A irmã Elvira Nadais, salesiana de 76 anos trabalha há mais de 40 anos no bairro do Fim do Mundo no Estoril onde desde sempre acolhe as crianças desfavorecidas, ajuda os idosos e as famílias desfavorecidas.

“Desde jovem comecei a sentir uma inclinação grande para a vida religiosa, tinha o desejo de viver uma vida de doação aos outros, ajudar as pessoas, os doentes e também de ser uma pessoa despojada, imitando Cristo”, começa por contar a irmã Elvira Nadais à Agência ECCLESIA.

No seio de uma família com 5 irmãos, o desejo de Elvira não foi bem recebido: “Disse à minha mãe que queria ser religiosa mas deu-lhe um ataque de choro e eu mudei de conversa e continuei a trabalhar”.

Pouco depois saiu de casa “sem ninguém saber” e rumou até ao Estoril onde ingressou na congregação das salesianas.

Já há alguns anos como salesiana, a irmã Elvira atendeu a um pedido de um sacerdote para que alguém fosse dar catequese ao bairro do Fim do Mundo, no Estoril, local onde assim que chegou ficou “imediatamente encantada”.

“Sentia a ternura de uma criança pobre, às vezes com os pés cheio de areia e feridos, com o cabelo todo desalinhado e cheio de piolhos, mal alimentados e mal vestidos mas apesar de tudo para mim era uma compensação, uma alegria muito grande”, recorda.

E se muita gente pode pensar que trabalhar com as pessoas do bairro do Fim do Mundo “é uma vida de sacrifício” para a irmã Elvira nunca o foi: “Tivesse mais tempo, mais horas ainda dava muito mais de mim ainda a estas pessoas”.

“Ia correr com eles para os campos, jogava à bola, em novembro fazíamos o magusto, tinha um gravador de voz então gravava as nossas conversas, as nossas canções para depois ouvirmos e eles adoravam porque não estavam habituados a ouvir-se, não havia tantos computadores como agora”, relembra a religiosa.

Os meninos do passado são agora adultos que atualmente quando se encontram com a irmã Elvira “sorriem e lembram-se dos tempos passados”, mostrando ter “muito respeito e carinho”.

O convívio, os valores e a educação que a irmã Elvira Nadais transmitiu às crianças quando chegou ao bairro do Fim do Mundo ajudou a torná-las em adultos “diferentes e com outras maneiras de agir, de compreender, colaborar e de ter respeito pelas pessoas e a ter uma irmandade entre eles, a serem amigos”, uma estabilidade que muitos dizem não existir em mais nenhum bairro problemático da zona.

Aos 76 anos, a irmã Elvira Nadais, que tem no bairro do Fim do Mundo, agora remodelado, uma rua com o seu nome, acredita que “fez o que podia com o impulso de Deus”.

“Estou de consciência tranquila de que fiz quanto podia por eles e por todos, felizmente não tenho inimigos nem nunca tive, procurei sempre cumprir o meu dever, aliviando o sofrimento de algumas pessoas e dando alegria”, diz.

“Sou feliz e se voltasse atrás voltava a enveredar pelos mesmos caminhos aperfeiçoando-os”, conclui a irmã Elvira Nadais, consagrada salesiana há 48 anos.

Até sexta-feira, o programa ECCLESIA na Antena 1 (22h45) apresenta histórias de vida de religiosos e religiosas para assinalar a Semana do Consagrado 2014, que a Igreja Católica em Portugal está a celebrar.

SN/MD

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