Uma renovação imprescindível

Os professores de EMRC partilham os problemas de todos os outros professores e ainda acumulam dificuldades específicas Um destes dias, um professor de EMRC partilhava comigo as dificuldades com que permanentemente é confrontado na sua escola. Este é um tempo legitimamente difícil para todos os professores, mas mais ainda para os professores de EMRC, muitas vezes discretamente isolados, encostados por políticas indefinidas, descon-siderados pela natureza confessional da disciplina que leccionam; são infelizmente, em muitos casos, os parentes pobres de uma classe progressivamente diminuída na dignidade do papel social que representa. Mas os professores de EMRC partilham os problemas de todos os outros professores e ainda acumulam dificuldades específicas. Uma das mais evidentes nos últimos 10 anos prende-se com a desactualização dos manuais escolares, desgastados ao nível dos conteúdos e da imagem. Quem lecciona sente dificuldades acrescidas a cada ano que passa. Assim, tornava-se imprescindível renovar os manuais de EMRC do Secretariado Nacional de Educação Cristã. Pediram-me que coordenasse a equipa que trabalha nos manuais para o Ensino Secundário. Naturalmente trata-se de um desafio enorme que algumas vezes me arrependo de ter aceite. A questão é que não é difícil superar os manuais anteriores – essa é a parte mais fácil, sobretudo quando os manuais que temos que substituir têm uns 15 anos –, difícil é lidarmos com a exposição e com as expectativas: os professores estão há muito tempo à espera e, independentemente de qualquer coisa, os novos manuais serão um bode expiatório fácil para quem tiver limitações nas respostas a dar aos novos desafios que os novos manuais trazem consigo. Com efeito, apresentamos um projecto exigente, com uma linguagem e temáticas ao mesmo nível das outras disciplinas no âmbito das ciências humanas, com questões teológicas, filosóficas, histórias ou antropológicas que contribuam para a credibilização da disciplina e dos professores de EMRC, procurando tocar questões pertinentes do nosso tempo e apoiando a nossa reflexão no Evangelho, na doutrina e tradição da Igreja, tendo particularmente em consideração uma hermenêutica de sentido cristocêntrico, o humanismo cristão, a arte e a literatura cristã e a Doutrina Social da Igreja. Os novos manuais não serão os melhores em sentido geral. São resultado de um trabalho intelectualmente honesto, com as limitações próprias da situação concreta em que são concebidos, da pressão do tempo, do escrúpulo em apresentar um bom trabalho que dignifique a disciplina e os professores de EMRC. Com efeito, nenhum professor será melhor ou pior por utilizá-los; os novos manuais para o Secundário – que intitulamos “Alicerces” – são um instrumento flexível e podem dar bons frutos nas mãos dos professores que estejam dispostos a emprestar-se e a empenhar-se neste projecto de credibilizar a disciplina e a condição do professor de EMRC. Os novos manuais são – poderão ser –, fundamentalmente, um bom instrumento ao serviço das comunidades educativas e de um sentido mais profundo de evangelização, na despretensiosa condição de sal da terra e luz do mundo. José Rui Teixeira

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