Paulo Rocha, Agência Ecclesia
O Papa Francisco dirigiu uma pergunta a todo o mundo na última quarta-feira e repetiu-a hoje, dia em que se evoca um ano do conflito na Ucrânia: foi tudo feito para acabar com a guerra? Na audiência semanal, no Vaticano, Francisco questionou e tentaram-se respostas, com poucas certezas; hoje, para uma audiência ainda mais pública, nas redes sociais, volta a colocar a pergunta e as respostas serão ainda mais vagas.
Mesmo sem uma análise detalhada, é possível afirmar que não terá havido semana desde que começou a invasão da Ucrânia pelas tropas russas que o Papa Francisco não tenha apelado insistentemente à paz. E mesmo mais do que uma vez… Bastará revisitar as alocuções feitas nos encontros públicos, ao domingo, no ângelus, e em cada quarta-feira, na audiência geral.
Como tem acontecido em muitos momentos na História dos últimos 10 anos, o pontificado do Papa Francisco narra-se com surpresas, com gestos inesperados e inéditos, com mensagens interpeladoras. Também no que respeita à condenação da guerra na Ucrânia, como o demonstra a visita imediata ao embaixador da Rússia junto da Santa Sé no dia seguinte ao início do conflito armado ou o envio de ajuda humanitária para os ucranianos através de cardeais do Vaticano, a que se aliam tantos momentos de oração pela paz, feitos também de jejum, nomeadamente o que aconteceu em ligação com Fátima.
Neste ano de conflito, há duas imagens do Papa Francisco que são particularmente significativas e mostram o drama que vive no seu interior por causa de um conflito que teima em não terminar: a que mostra o Papa com bandeira da Ucrânia marcada por destroços da guerra, no início de abril, e quando Francisco chorou ao pedir o fim da guerra, diante da imagem da Imaculada Conceição, a 8 de dezembro, na cidade de Roma.
Mensagens cheias de determinação e imagens fortes que, apesar de tudo, são incapazes de deter a insanidade de quem apenas vê poder, domínio, conquista, impérios de tempos idos da história. De quem desconhece a humanidade! Porque é disso que se trata: fazer a guerra é querer derrotas para a humanidade.
No segundo dia invasão da Ucrânia pelas tropas russas, o Papa Francisco abriu a encíclica Fratelli Tutti, publicada no dia em que se evoca São Francisco de Assis, em outubro de 2020, para afirmar que “a guerra é o falhanço da política e da Humanidade”. E repetiu essa certeza recorrentemente ao longo dos últimos 365 dias, seja diante líderes das nações e das religiões, quando pediu a reforma da ONU ou o compromisso de diplomatas pelo diálogo entre nações, e depois de forma insistente na última mensagem para o Dia Mundial da Paz: “esta guerra, juntamente com todos os outros conflitos espalhados pelo globo, representa uma derrota não apenas para as partes diretamente envolvidas mas também para a humanidade inteira”.
Que a derrota não seja a última estação da comum humanidade…