Um trabalho de base para combater as desigualdades sociais

JOC lamenta a fraca sindicalização em Portugal Os jovens trabalhadores católicos da Europa estão preocupados com o “aumento do desemprego, os salários baixos, o ficarem dependentes dos pais até mais tarde e a não realização no trabalho que exercem” – disse à Agência ECCLESIA Maria das Neves, Presidente Nacional da Juventude Operária Católica (JOC), organismo que acolheu o encontro de coordenação europeia (COEUR) da JOC. De 5 a 12 de Maio, na localidade de S. Pedro Moel, neste encontro os participantes concluíram “que não há receitas” mas para que haja alterações “toda a economia deveria ter em conta a pessoa e não apenas o dinheiro”. E avança: “é o que está a acontecer neste momento”. O aumento do desemprego está relacionado com a “deslocalização das empresas e o não cumprimento da lei”. O Homem “não está no centro” da economia porque tudo “gira em função do lucro” – denuncia Maria das Neves. Apesar de não existirem receitas, a presidente da JOC lança ingredientes para que a ementa se altere: “o lucro deve deixar de estar no centro”. Ao recordar o «caso francês», Maria das Neves realça que em Portugal – “no país que nós temos – não era possível o que aconteceu em França”. E aponta as razões: “as pessoas estão pouco mobilizadas para o problema”. A mentalidade portuguesa é diferente porque as pessoas pensam “que resolvem a sua situação e quem quiser que resolva a sua” – reconhece. Portugal sofre de uma “falta de visão” de conjunto. A fraca sindicalização existente no nosso país está relacionada com “a fraca organização dos trabalhadores”. Sem a capacidade de diálogo, de partilha dos seus problemas e a planificação conjunta, Portugal “nunca terá as pessoas organizadas” – antevê a presidente da JOC. Estes e outros temas foram debatidos e analisados em S. Pedro de Moel, na Marinha Grande, no encontro da Coordenação Europeia (COEUR) da JOC que reuniu a Espanha, França, Roménia, Hungria, Inglaterra e Portugal. “A sindicalização é fraca em todos os países”. Apesar dos sindicatos estarem “politizados” é preciso fazer um trabalho de base. “Colocar as pessoas que vivem estas realidades” a debater estes problemas. Este é o trabalho “mais difícil de fazer” – enfatizou. Países diferentes mas realidades semelhantes. Perante estes factos, estes organismos programaram um encontro de jovens trabalhadores europeus, a realizar de 3 a 5 de Agosto, em França. Uma iniciativa que terá como temática de fundo “o trabalho e a globalização”. E desabafa: “a globalização é inevitável mas é necessário analisar as consequências desta”. A integração de Portugal na União Europeia (UE) é um dado adquirido mas “é preciso chamar a atenção de quem nos governa e está à frente dos destinos da UE que o importante é o trabalhador” – esclareceu. Natural de Santa Maria da Feira, a presidente deste movimento da Acção Católica fica escandalizada com o aumento das desigualdades sociais. “A Banca com lucros enormíssimos e os trabalhadores cada vez mais pobres” . Ao olhar para o panorama nacional, Maria das Neves constata que a região Norte do país é a “mais afectada, o distrito de Braga e do Porto”.

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