Um ensino sem relação pessoal e fechado à família

Presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas fala do novo ano escolar

Caminhamos para um ensino cada vez mais indiferenciado e construído a partir de uma lógica economicista. Uma opinião expressa pelo padre Querubim Silva, presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas (APEC).

Convidado a fazer uma análise daquilo que tem sido o início deste novo ano escolar, o sacerdote disse à agência ECCLESIA que se tem verificado uma “tendência demasiado centralizadora, por parte do Estado, uma política quase totalitária, nada condizente com o verdadeiro Estado Social”.

Uma tendência que depois se nota a diversos níveis, a começar por medidas como a criação de novos mega-agrupamentos, formados em algumas regiões do país.

“Podem ser positivos, em termos de eficiência, de uma maior concentração dos meios, mais capacidade tecnológica”, afirma o padre Querubim Silva.

No entanto, “a existência de um conjunto tão diferente, em termos de idades, pode ser uma desvantagem”, sublinha ainda, aludindo ao facto daqueles mega-agrupamentos serem constituídos por alunos desde o pré-primário até ao 12º ano.

“Há modelos na Europa que têm uma gestão diferente, com serviços administrativos comuns mas, depois, com grupos de alunos pedagogicamente mais viáveis” sustenta o líder da APEC, que também é representante da Conferência Episcopal junto do Conselho Nacional de Educação.

O responsável critica a preocupação “demasiadamente economicista do Estado”, que poderá pôr em causa a relação pessoal entre alunos e com os professores, fazendo das escolas contentores de “um conjunto de números anónimos”.

Para além disso, o número crescente de escolas que tem vindo a ser fechadas, especialmente nas zonas rurais, para dar lugar a esses mega-agrupamentos, faz com que se perda outro aspecto fundamental que deve estar presente no ensino.

“A relação com a família está a ficar cada vez mais na periferia da escola” lamenta o padre Querubim Silva, para quem “tirar uma escola da aldeia, fazendo os alunos percorrer 30 a 40 quilómetros por dia” está longe de ser positivo.

“Para além disso, há aquele acompanhamento dos pais e dos avós até à escola, que se perde, toda uma relação com a família e o ambiente fica para trás”, sublinha o sacerdote.

Outra questão relacionada com esta “matriz economicista” do ensino é o ratio cada vez mais alargado de alunos atribuídos a cada professor.

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