Um capítulo da história do Patriarcado

A obra «Os Patriarcas de Lisboa» trata dos últimos 15 Patriarcas, de D. Tomás de Almeida a D. António Ribeiro Os aspectos mais marcantes dos Patriarcas de Lisboa são retratados numa obra lançada ontem (26 de Fevereiro), no Mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa. Ao longo de três séculos – de D. Tomás de Almeida a D. António Ribeiro – 16 investigadores abordam um capítulo marcante da história da diocese de Lisboa. No dia do aniversário do actual patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, referiu que a obra é “um começo porque cada um destes nomes merece uma explanação e investigação mais profunda”. Com a chancela da Aletheia Editores, «Os Patriarcas de Lisboa» insere-se num desejo de construir a história da diocese de Lisboa. No entanto, os historiadores acham que “ela deve ser feita por sectores e capítulos” – sublinha D. José Policarpo. Com a coordenação de D. Carlos Azevedo; Sandra Costa Saldanha e António Pedro Boto, a obra foi apresentada por Leonor Beleza. O livro mostra-nos “o contexto histórico em cada um destes homens notáveis: da monarquia absoluta, terramoto de Lisboa, Marquês de Pombal, lutas liberais, lutas republicanas, Estado Novo, Revolução de Abril e instituição da democracia” – disse Leonor Beleza. E continua: “cada um destes patriarcas foi garantindo a autonomia e independência da Igreja Portuguesa face ao poder político”. «Os Patriarcas de Lisboa» tem o prefácio de D. José Policarpo, mas a sua história não é retratada na obra. “Chegaram a colocar-me a hipótese de me incluir, mas disse que a minha história ainda não acabou e ainda pode ter surpresas”. Num tom sorridente, D. José Policarpo afirma que tem “muito gosto em ser o primeiro do próximo volume”. Dos quinze patriarcas tratados, D. José Policarpo afirma que são “todos muito diferentes, mas tenho a tendência de estar mais ligado aos homens que conheci: Cardeal Cerejeira e Cardeal Ribeiro”. Para além destes dois, o actual patriarca tem “um grande apreço por dois homens da viragem do século: Cardeal Neto e o Cardeal Mendes Belo”. Com olhar de historiador, D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, disse que até ao momento “não havia nenhuma obra de referência que transmitisse um retrato fiel da acção pastoral e do papel que tiveram na condução de problemas delicados da história de Portugal”. O título de Patriarca de Lisboa aparece no reinado de D. João V. Dos 15 tratados na obra – contou com o apoio da Caixa Geral de Depósitos – D. Carlos Azevedo realça que – para um historiador – D. Tomás de Almeida (1716-1754) teve um papel de grande relevo no quadro do século XVIII e que “o Patriarca que esteve na fase da Revolução Liberal, D. Patricío da Silva, foi muito débil no confronto político”. No entanto, o bispo auxiliar de Lisboa destaca o “Cardeal D. José Sebastião Neto (1883-1907) que teve uma vida pessoal evangélica, mas com uma grande humildade perante os factos”. Um homem que “pediu ao Papa para sair e, depois foi obrigado a sair sem querer pela força da Revolução” – afirmou D. Carlos Azevedo. O Cardeal António Ribeiro (1971-1998) foi estudado por António Matos Ferreira. Segundo o coordenador da obra, o historiador “conseguiu apanhar bem o perfil” do último patriarca abordado na obra. Com «Os Patriarcas de Lisboa» deu-se a conhecer também o Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa. D. José Policarpo pensa que o próximo passo poderá passar pela publicação de um livro sobre os arcebispos de Lisboa. “Pelo menos de algumas figuras notáveis, a diocese de Lisboa – antes da Reconquista Cristã – perde-se no tempo e no desconhecimento”. Com o aproximar das celebrações do Centenário da República, o Patriarca de Lisboa salienta que a obra lançada “não tem a intenção dialéctica nem apologética”, mas “quem quiser desapaixonadamente olhar para esses períodos tem aqui elementos para ajudar na reflexão”

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