Um Bispo para a Comunhão

Homilia de D. Jorge Ortiga na entrada em Vila Real de D. Amândio Tomás Vive a Diocese de Vila Real, em ambiente festivo, não tanto a Tomada de Posse dum Bispo Coadjutor, já realizada pelo Colégio de Consultores, mas de apresentação Solene e de início de missão Episcopal de D. Amândio José Tomás. A apresentação torna-se desnecessária sendo um cristão nascido nesta comunidade e mais tarde acolhido no presbitério que a serve. Trata-se dum regresso com um programa a exercer dum modo eclesial muito característico. Quanto ao Programa teremos a graça de o ouvir na homilia e, particularmente, de o acolher com renovado entusiasmo e ardor empenhativo no quotidiano da vida das comunidades. Sinto-me feliz por introduzir esta celebração testemunhando-lhe a minha comunhão efectiva e afectiva, como Metropolita e Presidente da C.E.P.. Aproveito para, à guisa de introdução sublinhar um pensamento sobre o ministério episcopal. Sirvo-me de palavras da Pastores Gregis sobre o Bispo, servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a Esperança do mundo. “A Igreja é comunhão orgânica que se realiza através da coordenação dos vários carismas, ministérios e serviços em ordem à consecução do fim comum que é a salvação. O Bispo é responsável pela realização desta unidade na diversidade, procurando favorecer de tal modo a sinergia entre os diversos agentes para que seja possível percorrerem juntos o caminho comum de fé e de missão” (P.G. 44). Sim, percorremos juntos um caminho comum de fé e de missão. Daí que se imponha trazer para esta celebração a pessoa do Senhor D. Joaquim Gonçalves evocando-o como Bispo desta Diocese mas, sobretudo, como Pastor que sabe dar a vida pelas suas ovelhas como tem demonstrado neste momento particularmente delicado onde a força e confiança na ciência dos homens não dispensa um testemunho eloquente de entrega nas mãos de Deus. Que o Senhor lhe conceda o dom duma saúde capaz de continuar a servir este povo no anúncio e serviço do Evangelho. Dando graças a Deus por quanto a medicina nele realizou, intensifiquemos a nossa comunhão de oração para que regresse rapidamente para o meio do Povo com quem tão bem soube identificar-se. O Bispo Coadjutor D. Amândio irá percorrer com ele o mesmo caminho de fé e de missão. Na fé dum reconhecimento de Deus que, em Jesus Cristo, se fez pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (Conf. 2 Cor. 8, 9), entregando-se totalmente por nós. Com o D. Amândio, renovando a nossa fé neste Deus amor estamos a assumir a comum missão, aprendendo com Cristo a fazer da nossa vida um dom total”. Estas palavras colocam-nos em comunhão com o Papa, no significado do seu ministério petrino e acolhendo o projecto traçado por ele para a Quaresma, que nos introduz no essencial cristão: acolher o dom do Amor de Deus para o tornar visível num mundo ávido de algo que ainda não encontrou. Este amor torna possível a “unidade na diversidade” que, acompanhando o D. Amâmdio no início do serviço episcopal nesta diocese, me atrevo a referir. Unidade do Bispo Diocesano com o seu Coadjutor, destes com o restante colégio episcopal e quero recordar o D. António Marto que amanhã completa 7 anos de ordenação episcopal, e, particularmente, com um povo sacerdotal onde o presbitério emerge como família e os cristãos leigos crescem no discernir as razões da sua esperança, através duma formação persistente, e sabem articular os seus dons e talentos num serviço comunitário aberto e comprometido em dar respostas aos reais problemas dum povo por quem Cristo se entregou. Sabemos que “Ubi episcopus, ibi ecclesia” (onde está o Bispo, aí está a Igreja). Isto não significa autoritarismo ou centralismo eclesial. Vale como interpelação permanente para um trabalhar com o Bispo, na unidade expressa nas cordas duma citara, onde cada um é imprescindível mas consciente de que só se torna harmonia interpelativa se se transcende nesta integração coral onde de muitos se forma um só corpo. Este “regresso” de D. Amândio à sua Diocese para exercer um ministério de comunhão com o Senhor D. Joaquim é mais um dom de Deus a esta comunidade mas, simultaneamente, é, peço desculpa por o sublinhar, um momento de compromisso de todos para que a mensagem de Cristo encontre adesão pessoal em todos os cristãos desta Diocese. Entregando-lhe o báculo, sei que a diocese poderá contar com um “Servo por amor” e acredito que todos se irão empenhar para manifestar a Beleza de Deus ao mudo. Vamos rezar para que isso aconteça e, como Igreja, testemunhemos, em comunhão orgânica o tipo de cristianismo em que acreditamos e o modelo de Igreja que queremos edificar. 10-02-2008 † Jorge Ortiga

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