UE: Responsáveis das Igrejas cristãs abordaram em Bruxelas o futuro do «projeto europeu»

Reunião com Jean-Claude Juncker evidenciou a necessidade de redobrar esforços para enfrentar uma «crise sem predecentes»

Bruxelas, 31 mar 2017 (Ecclesia) – Os responsáveis pelas Igrejas cristãs na Europa encontraram-se hoje com Jean-Claude Juncker para abordar o futuro do “projeto europeu”, diante dos desafios que atualmente enfrenta.

Segundo um comunicado enviado esta sexta-feira à Agência ECCLESIA, participaram na reunião com o presidente da Comissão Europeia o cardeal alemão Reinhard Marx, líder da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), e o bispo anglicano Christopher Hill, à frente da Conferência das Igrejas Europeias (CEC).

Os responsáveis evocaram o 60.º aniversário do Tratado de Roma, que foi a base da criação da União Europeia e abriu espaço a “décadas de paz, de expansão democrática no continente e de crescente liberdade” na circulação de pessoas, “para trabalhar, para viajar, para estudar”.

No entanto, hoje o contexto é bem diferente, de maior contestação, e as primeiras fraturas já começam a surgir, como atesta a saída do Reino Unido da UE, com o ‘Brexit’.

Para os representantes cristãos, a UE enfrenta neste momento uma “crise sem precedentes”, que pede um “empenho reforçado a favor da paz, da justiça e da solidariedade” entre os Estados-membros.

“Mais do que nunca acreditamos no projeto europeu e que um rumo assente na partilha de valores comuns é o melhor caminho”, realçam os presidentes da COMECE e do CEC, que destacam o valor da UE enquanto mensagem de união e coesão entre os povos.

“Uma Europa unida traz paz a um mundo onde a paz não pode ser tomada como garantida. Junta, a Europa pode enfrentar os desafios sociais e económicos da globalização, incluindo as desigualdades sociais que persistem dentro das suas fronteiras“, pode ler-se.

Numa nota redigida em conjunto, o cardeal Reinhard Marx e o bispo anglicano Christopher Hill lembram o discurso do Papa Francisco ao Parlamento Europeu, em novembro de 2014, que classificou a Europa como “um ponto de referência precioso para toda a humanidade”.

Na altura, o Papa argentino exortou ainda os líderes comunitários a fazerem tudo para que a UE possa reconhecer e sua principal missão, ao serviço da paz e da unidade.

Em Bruxelas, os responsáveis pelas Igrejas cristãs quiseram também estreitar laços rumo a um esforço conjunto a favor da preservação do ideal europeu.

A COMECE prepara-se para realizar, entre os dias 27 e 29 de outubro, e em parceria com a Santa Sé, um congresso no Vaticano intitulado ‘Repensar a Europa’.

O Conselho das Igrejas Cristãs colocou por sua vez em marcha uma consulta alargada aos Estados-membros, através de uma carta aberta às populações.

A partir da pergunta ‘Que futuro para a Europa’, o CEC quer reforçar a sua visão em torno do projeto comunitário e desafiar “o regresso aos valores de cooperação, de inclusão social, de solidariedade que inspirou as gerações passadas”.

“Retomamos este chamamento novamente para a proteção dos mais vulneráveis, para a salvaguarda da Criação, para a promoção do diálogo com outras crenças e mundividências”, frisam os líderes cristãos, que esperam que a UE “retome a visão traçada há 60 anos”, no período a seguir à II Guerra Mundial.

JCP

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