UE e Bispos da Europa: Para uma conversão ecológica

“Precisamos de uma conversão ecológica”. Foi com esta citação de João Paulo II, que o Presidente em exercício do Conselho Europeu, o Primeiro ministro da Eslovénia, Janez Janša, sintetizou o 4º encontro anual entre os líderes das instituições da UE e as Igrejas e líderes religiosos na Europa. Num encontro que decorreu esta Segunda feira, dia 5, em Bruxelas, a Igreja e os líderes religiosos partilharam a responsabilidade sobre o futuro do planeta com os líderes políticos. Recordando que a Bíblia fala da “criação” em vez de “natureza”, o Cardeal Franc Rodé, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, considerou que é difícil sentir responsabilidade pela “natureza”, um conceito que se refere a recursos sem fim. No entanto, o conceito de criação evoca a responsabilidade da humanidade. O Cardeal Rodé enfatizou que “neste mundo, somos chamados a um caminho despretensioso para viver a vida, de forma a preservar os recursos da criação e partilhá-los com as populações mais pobres”, conforme um comunicado enviado à Agência ECCLESIA. Anders Harald Wejryd, Primado da Igreja Luterana da Suécia, acrescentou ser um dever dos religiosos comprometerem-se no combate às alterações climáticas, uma vez que este tema levanta questões morais, de justiça e equidade. Decorrente da perspectiva de esperança veiculada pelas Igrejas, “as religiões podem contribuir para o envolvimento no desafio das alterações climáticas, muitas vezes escondido atrás de aparentes dificuldades”. O Presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia – COMECE, o bispo Adrianus Van Luyn, sugeriu que a EU deveria designar um Alto Responsável para Assuntos Externos e um Alto Representante para as Futuras Gerações e ambos deveriam ser Vice-Presidentes da Comissão Europeia. “Isto daria um claro sinal da nossa esperança para Europa, demonstrando uma solidariedade que vai para além da fronteira geográfica e temporal”. «Reconciliação entre os povos» foi outro dos temas na agenda do encontro. Adrianus Van Luyn sugeriu que o futuro serviço externo da UE, que será implementado no decorrer da aplicação do Tratado de Lisboa, deveria ter “um departamento para o diálogo com as religiões”. O Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sugeriu que na luta contra o choque de civilizações, a Europa deveria basear a sua identidade na diversidade, “uma diversidade reconciliada”, acrescentou. Considerando que o Diálogo Intercultural é um processo em desenvolvimento, Hans-Gert Poettering, Presidente do Parlamento Europeu, manifestou a sua esperança que as instituições prossigam o diálogo com as “comunidades de Fé ao longo do ano, através da aplicação do Tratado de Lisboa que estipula um “diálogo aberto, transparente e regular” com as Igrejas, tal como estabelecido no artigo 17. Neste encontro anual estiveram presentes 21 participantes, representando as religiões monotaístas na Europa, juntamente com o Presidente da Comissão Europeia, o Presidente do Conselho e o Presidente do Parlamento Europeu.

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