Documento conjunto diz que é preciso reequilibrar «balança entre os interesses económicos e os direitos sociais das pessoas»
Bruxelas, 13 dez 2016 (Ecclesia) – A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) propôs aos responsáveis comunitários diversas medidas para combater o risco de pobreza no Velho Continente, que ameaça cerca de 119 milhões de pessoas.
Num documento enviado à Agência ECCLESIA, e dirigido à União Europeia e aos seus Estados-membros, a COMECE sublinha a necessidade de apostar em políticas que “equilibrem novamente a balança entre os interesses económicos e os direitos sociais das pessoas”, sobretudo “das famílias, das crianças e dos jovens”.
Os bispos católicos realçam a importância da UE implementar mecanismos financeiros e fiscais mais “justos” e adequados ao contexto das pessoas, de modo a combater as “crescentes desigualdades” e as “causas estruturais da pobreza”.
Aqueles responsáveis lembram que as famílias são “um elemento-chave da sociedade” e devem ser “reconhecidos” como tal.
E que a precariedade que as aflige atinge antes de mais “as crianças”, muitas vezes postas à margem de qualquer tipo de acesso à “educação” e desenvolvimento, além de outras necessidades básicas.
“Precisamos de mais políticas centradas na família”, pode ler-se.
No mesmo texto, a COMECE recorda também o “elevado desemprego” que atinge atualmente os jovens, na União Europeia, que em vez de poderem olhar para o futuro com confiança veem a sua vida com “frustração e incerteza”.
São “cada vez mais” também os cidadãos europeus a caírem no “desemprego de longa duração” e no emprego “precário”, a quem é “negada uma remuneração justa”.
Neste sentido, os bispos apontam para a urgência de “reforçar a legislação laboral” de modo a que a tirania do lucro não se sobreponha aos direitos humanos.
A “discriminação social”, por motivos culturais, étnicos ou religiosos, é outra preocupação da COMECE.
Não está só em causa o fenómeno dos migrantes e refugiados que batem à porta da Europa, mas a situação dos ciganos e outras minorias étnicas que são “privadas das suas possibilidades de desenvolvimento”.
A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia termina o seu documento desafiando a União Europeia a um “diálogo permanente com todos os atores relevantes” que possam contribuir para a mudança do paradigma social na Europa.
“Um diálogo que envolva também a Igreja Católica e as suas instituições e que dê prioridade aos mais pobres”, concluem.
Portugal está representado na COMECE por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
JCP