Ucrânia: «Relações entre o Ocidente e a Rússia chegaram a um beco sem saída» – Patriarcado de Moscovo

Resposta a carta dos bispos da União Europeia pede fim da «retórica do ultimato»

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 24 mar 2022 (Ecclesia) – O responsável pelas Relações Externas do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo afirmou, numa carta aos bispos da União Europeia, que as relações entre o Ocidente e a Rússia “chegaram a um beco sem saída”.

O metropolita Hilário convida todas as partes a “renunciar à retórica do ultimato”, para estabelecer “canais de diálogo e organizar negociações oficiais e não oficiais que possam ajudar a alcançar uma paz justa”.

A posição foi tomada em resposta a outra carta do presidente da Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia (COMECE), na qual o cardeal Hollerich pedia ao patriarca Cirilo de Moscovo uma intervenção junto das autoridades russas, para travar a guerra na Ucrânia.

“O mais importante nesta situação é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que as negociações continuem e produzam um resultado o mais rápido possível”, sustenta o metropolita Hilário, num texto divulgado hoje pela COMECE e citado pela Renascença.

“Acreditamos que a COMECE pode ter um papel importante na construção desse diálogo, trabalhando com os representantes da União Europeia, para evitar uma nova escalada da situação atual e ajudar a superá-la com base nos valores cristãos que nos unem a todos”, acrescenta.

A mensagem destaca a importância da oração e do trabalho conjunto, das várias Igrejas cristãs, na assistência aos refugiados.

Cirilo tinha dirigido uma carta ao Conselho Mundial da Igrejas, depois do secretário-geral da organização, Ioan Sauca, ter pedido ao patriarca de Moscovo que mediasse negociações para um cessar-fogo na guerra da Ucrânia.

“As origens do confronto estão nas relações entre o Ocidente e a Rússia. Na década de 1990, haviam prometido à Rússia que a sua segurança e dignidade seriam respeitadas. No entanto, com o passar do tempo, as forças que consideravam abertamente a Rússia como um inimigo chegaram até às suas fronteiras”, escreveu.

O líder ortodoxo sustenta que este conflito “não começou hoje”.

“É a minha firme convicção que os seus iniciadores não são os povos da Rússia e da Ucrânia, que vieram da mesma fonte batismal de Kiev, estão unidos por uma fé comum, santos e orações comuns e partilham um destino histórico comum”, acrescenta, num texto com data de 10 de março e divulgado online.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

OC

Ucrânia: Episcopados da União Europeia desafiam patriarca ortodoxo de Moscovo a pedir fim da guerra (atualizada)

 

 

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