«Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra», escreveu Francisco
Lisboa, 26 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa telefonou na noite desta sexta-feira ao arcebispo-mor de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, para se informar sobre a situação do país, em guerra com a Rússia.
“Durante o telefonema, o Papa Francisco mostrou interesse pela situação na cidade de Kiev e em toda a Ucrânia em geral. O Papa Francisco disse a Sua Beatitude: ‘Farei tudo o que puder'”, refere um comunicado do Secretariado da Igreja Greco-Católica Ucraniana.
Segundo a nota, divulgada online, Francisco também perguntou sobre a situação dos bispos e padres nas áreas mais afetadas pela operação militar russa e agradeceu à Igreja greco-católica ucraniana pela sua proximidade com o povo.
“Em particular, o Papa elogiou a escolha de permanecer entre o povo e ao serviço dos mais necessitados”, assinala o comunicado, citado também pelo portal de notícias do Vaticano.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao Papa Francisco pelas suas orações em favor da paz e um cessar-fogo.
“O povo ucraniano sente o apoio espiritual de Sua Santidade”, escreveu no Twitter.
A Arquidiocese de Kiev disponibilizou a cave da Catedral Greco-Católica para dar refúgio às pessoas.
“O Santo Padre assegurou a Sua Beatitude Sviatoslav sua proximidade, seu apoio e suas orações pela querida Ucrânia. No final do encontro, o Santo Padre enviou sua bênção para o sofrido povo ucraniano”, diz ainda a nota.
Na manhã de sexta-feira, o Papa tinha visitado a Embaixada da Rússia junto da Santa Sé para manifestar a sua “preocupação” com o conflito na Ucrânia, informou o Vaticano.
D. Sviatoslav Shevchuk elogiou este gesto e disse esperar que a conversa seja “um impulso para que o diálogo prevaleça sobre o uso da força”, indica o Serviço de Informação Religiosa da Ucrânia, um portal online da Igreja Católica local.
O arcebispo-mor de Kiev deixou várias mensagens contra a invasão russa, convidando os cidadãos do país a “defender a sua dignidade perante Deus e a humanidade, os seus direitos à existência e o direito de escolher o próprio futuro”.
Já a Conferência dos Bispos Católicos da Ucrânia convidou a renovar o ato de dedicação do país ao Imaculado Coração de Maria.
Taras Zheplinskyi, editor-chefe do Departamento de Comunicação da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse à Agência SIR, da Itália, que os católicos confiam na intervenção do conflito.
“Acreditamos que o Papa pode realmente ter sucesso onde a diplomacia mundial falhou. Já aconteceu na história e isso dá-nos a certeza de que o Papa pode ajudar a resolver esta situação em favor da paz”, referiu.
Na última semana, o presidente russo reconheceu a independência de duas províncias separatistas da Ucrânia e deu ordem para invadir o país vizinho; nas últimas horas, a guerra chegou às ruas de Kiev.
A intervenção militar da Rússia foi condenada por grande parte da comunidade internacional.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou um apelo para que os direitos humanos sejam respeitados na Ucrânia.
“Vamos liderar a coordenação de todos os nossos esforços, incluindo a nossa resposta militar em todos os lados da linha de contacto. Todos os envolvidos neste conflito devem respeitar o Direito Internacional Humanitário, e garantir a segurança e a liberdade de movimento de todos”, referiu o responsável português.
O Papa tem multiplicado os apelos à paz no Leste da Europa, nos últimos meses, e convocou uma jornada mundial de jejum para o próximo dia 2 de março – Quarta-feira de Cinzas no calendário litúrgico católico.
“Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra”, escreveu hoje Francisco nas redes sociais em várias línguas, incluindo ucraniano e russo, para repetir o alerta deixado na última audiência pública de quarta-feira.
Na quinta-feira o Secretário de Estado do Vaticano disse que é preciso regressar às negociações para travar a escalada do conflito.
“Os cenários trágicos, que todos temiam, infelizmente estão a tornar-se realidade. Mas ainda há tempo para a boa vontade, ainda há espaço para negociação, ainda há lugar para o exercício de uma sabedoria que impeça a prevalência de interesses particulares, proteja as aspirações legítimas de todos e salve o mundo da loucura e dos horrores da guerra”, referiu o cardeal Pietro Parolin, numa declaração oficial divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
OC
Vaticano: Papa visitou embaixador russo para manifestar «preocupação» pela guerra na Ucrânia