Bispo auxiliar de Kiev abordou recente encontro com Francisco no Vaticano dedicado à crise no território
Cidade do Vaticano, 07 ago 2019 (Ecclesia) – O Papa promoveu recentemente um encontro no Vaticano com os metropolitanos e altos dignatários da Igreja Ucraniana Greco-Católica, para debater a guerra na Ucrânia e a consequente crise socioeconómica no país.
Em entrevista ao secretariado da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre na Alemanha, enviada à Agência ECCLESIA, D. Bohdan Dzyurakh, bispo auxiliar greco-católico em Kiev, sauda o empenho do Papa em contribuir para a resolução do conflito e os desafios que deixou aos responsáveis católicos.
De acordo com o prelado ucraniano, Francisco incentivou a Igreja Ucraniana Greco-Católica a “ter um coração aberto” para a promoção da paz e a “permanecer próxima de todos os que são oprimidos e que atualmente vivem uma noite de tristeza”.
O Papa argentino encorajou ainda estes líderes religiosos a se afirmarem cada vez mais como “mensageiros da esperança, da verdade e do amor” neste país em conflito.
“O Papa pediu-nos que o fizéssemos. Apesar de todas as dificuldades que o nosso povo e as Igrejas na Ucrânia vivem atualmente, queremos continuar a sê-lo”, salienta D. Bohdan Dzyurakh.
Durante o encontro em Roma, os representantes da Igreja Ucraniana Greco-Católica tiveram oportunidade de agradecer ao Papa a iniciativa solidária que lançou destinada à recolha de donativos para o apoio das comunidades mais afetadas pelo conflito.
Este projeto, denominado ‘O Papa pela Ucrânia’, proposto a todas as Igrejas da Europa, permitiu arrecadas perto de 16 milhões de euros a favor das pessoas em situação de maior carência no país.
“O Papa vive aquilo que prega. Há anos que na Ucrânia sentimos a proximidade e o apoio do Papa”, destaca o bispo auxiliar greco-católico de Kiev, frisando que Francisco pediu sobretudo que a Igreja “não esqueça o irmão que sofre”.
Atualmente, a Igreja Ucraniana Greco-Católica conta com uma comunidade composta por cerca de 4,5 milhões de pessoas, muitas delas radicadas em outros países.
“Dedicámos bastante tempo e atenção às questões pastorais. Além da evangelização e da catequese, um dos tópicos foi o ministério pastoral para emigrantes ucranianos em vários países”, realça D. Bohdan Dzyurakh, ainda sobre o encontro com o Papa.
A guerra civil na Ucrânia, que tem o seu epicentro em Dombass, no leste do país, opõe as tropas ucranianas a grupos militares separatistas apoiados pela Rússia e já provocou desde 2014 cerca de 13 mil mortos.
Apesar dos avanços positivos que resultaram das conversações de paz que tiveram lugar em Minsk, em 2015, entre a Ucrânia e a Rússia, e mediadas pela Alemanha e pela França, as escaramuças, a violência e a morte continuaram a marcar o quotidiano das populações naquele território da Europa de leste.
“Surgiu muita tensão com a guerra, que não é desencadeada somente com armas militares. Para ultrapassar estas dificuldades, o nosso país precisa de consolidação, força interior e o poder espiritual do discernimento. É isso que pretendemos fortalecer”, aponta D. Bohdan Dzyurakh, que lembrou também a atenção que deve ser prestada à questão religiosa na Ucrânia.
Recorde-se que a recente criação de uma Igreja Ortodoxa autónoma na Ucrânia, antes sob a dependência do Patriarcado de Moscovo, levou a um conflito aberto com a Igreja Ortodoxa Russa.
JCP