Sacerdote ucraniano afirma que querem resolver conflito na fronteira «de modo diplomático»
Setúbal, 08 fev 2022 (Ecclesia) – O padre ucraniano Ivan Petliak, em serviço pastoral na Diocese de Setúbal, disse hoje que as comunidades acompanham com preocupação a realidade no seu país, que “não é só política”, e querem “resolver esta situação de modo diplomático”.
“Não é só política, é a situação real, temos mortos reais, temos famílias com problemas com este caso. Temos muitas que fugiram do oriente do nosso país, por exemplo para a minha região, encontrando casas, uma vida”, explicou, em declarações à Agência ECCLESIA.
O padre Ivan Petliak assinala que todos querem que a situação na fronteira da Ucrânia com a Rússia “se resolva o melhor possível, o mais rápido”, mas não sabem qual vai ser o desfecho.
“Já lutamos há 8 anos mas todos sentem que a situação complicou e muitos pensam como vai ser no futuro, mas nem todos podem fugir. Há muitas perguntas nos nossos grupos nas redes sociais: Querem procurar outra vida na Europa, perguntam como é a vida em Portugal”, desenvolveu.
Segundo o sacerdote ucraniano, muitos concidadãos por causa deste conflito continuam com o “desejo de deixar o seu país para defender as suas famílias, as crianças”, mas partilha também o exemplo da sua irmã, que construiu a sua casa ao longo de 10 anos e como é que agora “vai deixar tudo, ir para onde e ficar estrangeiros”.
“Se começar mesmo um conflito muito vão fugir, têm medo, têm filhos. Os homens vão lutar mas muitos vão fugir. Todos sentimos que queremos resolver esta situação de modo diplomático, acreditamos que o Senhor nos ajude e que dê esta sabedoria aos líderes dos países que podem tratar esta situação de outro modo”, acrescentou.
O padre Ivan Petliak, que fala todos os dias com pessoas na Ucrânia, a sua região é “do lado da Polónia, do lado da Europa”, apresenta também o exemplo da sua família, uma irmã que construiu a sua casa ao longo de 10 anos e, agora, interroga-se como é que “vai deixar tudo, para ir para onde, e ficarem estrangeiros”.
A 26 de janeiro, a Igreja Católica realizou um Dia de Oração pela Paz na Ucrânia, convocado pelo Papa Francisco, e as comunidades da Igreja Greco-Católica Ucraniana de Setúbal e do Montijo também se associaram.
“Rezamos juntos pela paz nessa tarde e juntamo-nos ao mundo inteiro. Existem forças, armas, mas existem outras forças que a gente pode usar”, salientou o sacerdote, realçando que esta situação uniu as religiões, os líderes religiosos, na sua terra.
“Todos sentem que a situação é dura e a gente reza nas casas: Todos têm este sentido que é preciso fazer alguma coisa e na Europa, longe da pátria, mas estamos juntos, esta nossa terra está nos nossos corações sempre”, acrescentou o padre Ivan Petliak.
O sacerdote, em serviço pastoral na Diocese de Setúbal, refere que nas suas Missas tem “sempre um pedido pela paz”, que “o Senhor ajude os soldados que estão na fronteira, a defender o país”, num conflito que “já roubou a vida a 15 mil pessoas” e começou há oito anos, quando “a Crimeia foi ocupada pela Rússia”.
Segundo o padre Ivan Petliak, os seus amigos portugueses e muitos paroquianos, na Quinta do Conde e em Azeitão, onde é vigário paroquial, perguntam-lhe sobre o que se passa na Ucrânia, e explica que estão “em risco” mas não estão sozinhos, porque têm “amigos, países que querem ajudar”.
“Como ucraniano, primeiramente rezo, convido todos os meus paroquianos e dou sempre muita atenção nas redes sociais a partilhar informação correta. Nós, ucranianos, temos este desejo de defender a nossa liberdade e a nossa terra”, garantiu.
Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que também acompanha esta situação com proximidade, destaca que o arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana, D. Sviatoslav Shevchuk, reafirmou o compromisso na paz, no diálogo e no apoio às populações mais ameaçadas.
CB