Responsáveis apelam à intervenção do patriarca Cirilo de Moscovo para promover a paz
Jerusalém, 22 mar 2022 (Ecclesia) – Um grupo de líderes religiosos de Jerusalém uniu-se para uma oração pela paz na Ucrânia, esta segunda-feira, apelando à intervenção do patriarca Cirilo de Moscovo, junto do Governo russo, para travar a guerra.
A iniciativa contou com responsáveis judaicos, cristãos e muçulmanos, que assinaram uma carta conjunta, dirigida ao líder da Igreja Ortodoxa na Rússia.
“Nós, líderes religiosos que representamos muitas tradições religiosas, escrevemos para expressar a nossa preocupação com a guerra que está a acontecer na Ucrânia. Estamos conscientes da nossa obrigação religiosa de escolher a paz através do diálogo. O nosso papel é rezar e apoiar resoluções pacíficas de situações de conflito”, pode ler-se na missiva, divulgada online.
Os 150 signatários lamentam ver “pessoas de fé umas contra as outras”, num conflito que “representa um risco muito maior de destruição além da Ucrânia, incluindo a ameaça muito real de um acidente nuclear e um conflito maior entre potências com armas nucleares”.
“À luz da sua estreita ligação com o presidente Vladimir Putin, pedimos que lhe solicite que tome medidas imediatas para diminuir a escalada do conflito e procure uma solução pacífica”, assinala o apelo ao patriarca Cirilo.
No início deste mês, o responsável russo dirigiu uma carta ao Conselho Mundial da Igrejas, depois do secretário-geral da organização, Ioan Sauca, ter pedido ao patriarca de Moscovo que mediasse negociações para um cessar-fogo na guerra da Ucrânia.
“As origens do confronto estão nas relações entre o Ocidente e a Rússia. Na década de 1990, haviam prometido à Rússia que a sua segurança e dignidade seriam respeitadas. No entanto, com o passar do tempo, as forças que consideravam abertamente a Rússia como um inimigo chegaram até às suas fronteiras”, escreveu.
O líder ortodoxo sustenta que este conflito “não começou hoje”.
“É a minha firme convicção que os seus iniciadores não são os povos da Rússia e da Ucrânia, que vieram da mesma fonte batismal de Kiev, estão unidos por uma fé comum, santos e orações comuns e partilham um destino histórico comum”, acrescenta, num texto com data de 10 de março e divulgado online.
Esta posição de “unidade espiritual” e de “povo único”, para definir russos e ucranianos, tem sido contestada por responsáveis religiosos na Ucrânia, que acusam Cirilo de estar alinhado com os interesses e o discurso de Vladimir Putin.
OC