Ucrânia: Ícone de Nossa Senhora de Fátima nasceu em Donetsk, cidade-símbolo de «agressão estrangeira»

Bispos católicos de rito oriental reúnem-se em Portugal

Lisboa, 20, out 2016 (Ecclesia) – O arcebispo greco-católico de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, recordou hoje em Lisboa a guerra na Ucrânia, que classificou como uma “agressão estrangeira” contra o seu povo.

O responsável falava na abertura de um encontro de bispos católicos de rito oriental, reunidos no Centro Paroquial dos Jerónimos, numa iniciativa promovida pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).

D. Sviatoslav Shevchuk ofereceu simbolicamente ao cardeal-patriarca de Lisboa o ícone de Nossa Senhora de Fátima, que nasceu em Donetsk, uma cidade “ocupada”, onde as pessoas “morreram de fome”.

“Hoje, a Ucrânia vive um momento muito doloroso, um momento de guerra”, disse o arcebispo, para quem este encontro representa uma “peregrinação espiritual a Nossa Senhora de Fátima”, recordando que a mensagem da Cova da Iria é vista pela Igreja de Leste como uma “profecia”.

“Pedimos à Santíssima Virgem que nos ajude”, declarou.

Já o cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé), alertou para o “fluxo maciço” de cristãos vindos do Médio Oriente.

“Nenhuma dificuldade é insuperável”, sustentou o cardeal argentino, após evocar os “anos de domínio do socialismo soviético” que levaram a “sofrimentos e perseguições” no Leste da Europa, cujas “Igrejas do silêncio” que permaneceram fiéis a Roma “durante décadas”, sob risco de prisão ou de execução.

O responsável da Santa Sé esteve nos últimos dias com refugiados cristãos, na Jordânia, e precisou que, para muitos deles, a chegada à Europa “constitui uma tentativa de encontrar estabilidade”, pedindo uma “assistência pastoral adequada” por parte das comunidades católicas.

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, falou no dever de “lembrar as Igrejas que ainda hoje são perseguidas, em especial no Médio Oriente”, manifestando-lhes a “proximidade” dos católicos de Portugal.

D. Manuel Clemente aludiu depois à emigração dos europeus de Leste, com uma palavra especial para a atual guerra na Ucrânia.

“Que a comunidade internacional leve a sério este conflito”, pediu o cardeal português.

O encontro dos bispos das Igrejas Católicas de Rito Oriental na Europa, que vai continuar em Fátima, até domingo, conta com a participação, como convidado especial, do patriarca sírio Gregório III Laham.

O líder greco-melquita de Antioquia testemunhou a “experiência de sofrimento e de serviço” ao longo dos últimos anos de guerra na Síria, que vive uma “Via-Sacra”.

A situação é particularmente grave em Alepo, com mais de 80 mil amputados, por exemplo, e uma “pobreza terrível”.

D. Gregório III Laham sustentou que “nunca houve uma tragédia tão grande” na Síria, uma “supermártir”, criticando quem “quer prolongar a guerra”.

Se as crianças não forem à escola, alertou, “vão ser clientes” do Estado Islâmico no futuro.

O patriarca agradeceu em seguida a próxima criação como cardeal do núncio apostólico em Damasco, D. Mario Zenari, como “sinal do afeto” do Papa

Marcam presença neste encontro 15 bispos de Igrejas Católicas de Rito Oriental e bispos de várias conferências episcopais da Europa Ocidental.

A iniciativa vai concluir-se com uma celebração litúrgica presidida pelo arcebispo greco-católico de Kiev, na Basílica da Santíssima Trindade, com a passagem pela Porta Santa da Misericórdia.

OC

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