«Os interesses políticos não podem continuar a prevalecer à custa de um povo que necessita urgentemente de ajuda» – Aloysius John
Roma, 24 mar 2022 (Ecclesia) – A Caritas Internationalis fez hoje um novo apelo à paz na Ucrânia, quando se assinala um mês do início da guerra, pedindo o fim das hostilidades e a garantia de uma “assistência humanitária sem obstáculos”.
“Os interesses políticos não podem continuar a prevalecer à custa de um povo que necessita urgentemente de ajuda humanitária. Juntamo-nos aos repetidos apelos do Santo Padre para que a ‘abominável’ guerra na Ucrânia termine imediatamente e para que cesse o sofrimento da população através uma solução pacífica”, explica o secretário-geral da Caritas Internationalis, Aloysius John, num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
A Rússia lançou há um mês, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, começando uma guerra que já fez pelo menos “2421 vítimas civis, 3,3 milhões de refugiados – incluindo pelo menos 1,5 milhão de crianças – e quase 6,5 milhões de deslocados internos”, contabiliza a Caritas Internationalis.
A organização católica pede às partes envolvidas no conflito que garantam a evacuação segura de grupos vulneráveis, especialmente crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência, uma assistência que deve ser prestada “sem qualquer tipo de discriminação com base na nacionalidade”.
A nota assinala que as mulheres e as crianças em trânsito representam cerca de 90% dos refugiados que fogem da Ucrânia e “correm grande risco de se tornarem vítimas de tráfico de seres humanos”.
Aloysius John destaca que as duas organizações Cáritas ucranianas nunca abandonaram as pessoas, mesmo quando “bombardeamentos forçaram o encerramento de alguns centros locais”, como aconteceu em Mariupol.
A Caritas-Spes, ligada à Igreja latina, e a Cáritas Ucrânia, da Igreja Greco-Católica, trabalham em conjunto e são reconhecidas pela Confederação Internacional da Cáritas.
Um mês após o início da guerra, o diretor-executivo da ‘Cáritas-Spes’ Ucrânia, o padre Vyacheslav Grynevych, conta que ouvem à sua volta “muitos sons da guerra”, veem “muitos sinais da guerra”, são acordados e vão para a cama “com o som das sirenes” e com os mesmos sons.
Num vídeo divulgado hoje pela ‘Caritas Internationalis’, o sacerdote explica que prestam ajuda humanitária, “acolhem pessoas nos abrigos”, distribuem comida, ajudam também na evacuação, “mais de 150 mil pessoas”.
O diretor-executivo da ‘Cáritas-Spes’ Ucrânia apresenta um pequeno globo da terra, parcialmente destruído, que estava na ajuda humanitária, mas também encontrou algumas peças e considera que a organização Cáritas pode ajudar a construir esse “globo completo”.
O sacerdote agradece para além da ajuda, as “muitas palavras de apoio, de oração”, “a esperança” que têm recebido sobre o fim da guerra, as crianças que serão salvas, e que tudo vai ficar bem, “não apenas na Ucrânia mas no mundo”.
A organização internacional apela à solidariedade com a Caritas Ucrânia que, desde o início da guerra em 2014, já “ajudou cerca de 826 mil e 500 pessoas afetadas pela crise humanitária”.
A confederação de 162 organizações nacionais Caritas também avisa para o “impacto dramático do conflito na Ucrânia” em países onde as crises já duram há meses, anos, “e estão tristemente esquecidas”, para as “graves consequências” em setores como a alimentação, e exemplifica que na Síria, “o preço de um alimento básico como o pão disparou”.
CB/OC