Turquia/Síria: Um ano após terramoto, a população permanece em «situação de emergência» e esquecida pela comunidade internacional

Caritas Internationalis alerta para o número de deslocados, fome, falta de alojamento devido ao sismo, que aconteceu no dia 6 de fevereiro de 2023, e ao conflito na região há quase 13 anos

foto: caritas.org

Roma, 05 fev 2024 (Ecclesia) – A Caritas Internationalis lamentou hoje que, após um ano do terramoto na Síria e na Turquia, a situação não tenha “atenção internacional”, apesar das necessidades que a população continua a sentir.

“É importante que não se faça silêncio sobre esta tragédia e sobre as consequências que a população ainda sofre. Infelizmente, ainda não saímos da situação de emergência. O número de pessoas deslocadas é elevado e a reconstrução levará tempo e a ajuda de todos”, afirmou o presidente da Cáritas da Turquia e vigário apostólico da Anatólia, monsenhor Paolo Bizzeti, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

A Confederação das instituições de ação social da Igreja Católica continua presente no terreno enfrentando “condições difíceis” na ajuda à população que, mesmo antes do terramoto de magnitude 7,8, a 6 de fevereiro, necessitava de ajuda humanitária, e viu, nos últimos meses, a sua situação “precária” agravada com “as cheias que atingiram o país”.

“Mais de 15 milhões de pessoas necessitavam de ajuda humanitária devido ao conflito que se vive no país há quase 13 anos”, recorda o comunicado.

A Cáritas da Turquia centrou a sua ajuda inicial na distribuição de alimentos, kits de higiene e a “disponibilização de abrigos”, avançando, posteriormente para melhorar as “condições de vida das famílias deslocadas” e a garantia de que os alojamentos temporários dispusessem de “equipamento necessário, como ventoinhas, frigoríficos, fogões a lenha e aquecedores elétricos”.

“Até dezembro de 2023, a Caritas Turquia tinha distribuído mais de 6 280 refeições, 4 422 pacotes de alimentos e 5 201 artigos de higiene. 121 famílias receberam material escolar e 221 famílias receberam subsídios para pagar a renda. A Cáritas também forneceu às populações afetadas 1798 ventiladores, 9 444 pacotes de lenha e carvão e 336 aparelhos de aquecimento. Além disso, a fase de aquisição de 73 contentores pré-fabricados foi concluída e as atividades de apoio aos abrigos estão em curso”, regista a instituição.

A Cáritas Síria distribui ajuda em 71 centros nas áreas mais afetadas pelo terramoto, incluindo Alepo e Latakia.

“Foram oferecidos 8.486 pacotes de alimentos, 8.736 kits de higiene, 2.950 pacotes de água potável, 750 colchões e 10.133 cobertores. Em Alepo, Hama e em alguns centros ao longo do litoral sírio, a Cáritas está a contribuir para a reabilitação e reconstrução de 20 escolas e 330 abrigos. 4248 famílias receberam vales mensais para pagar a renda ou comprar alimentos e bens de primeira necessidade. Para além da assistência médica, a Cáritas também presta mais de 500 cirurgias médicas”, indica o comunicado.

O responsável da Cáritas Turquia, que apoia as Caritas locais, lamenta que, após um ano do terramoto, as zonas afetadas não tenham atenção.

“As consequências a longo prazo que o conflito em Gaza pode ter na região do Médio Oriente, incluindo a Síria, são ignoradas e subestimadas. Estamos orgulhosos e gratos pelo incrível trabalho efetuado pela Caritas Síria e pela Caritas Turquia”, afirmou.

Também o diretor executivo da Caritas Síria assegura a manutenção da equipa e de voluntários no terreno, a “acompanhar as muitas famílias que foram afetadas pelo terramoto e pelas graves consequências que 13 anos de guerra” provocam.

“Apesar da grave situação humanitária e económica, principalmente devido às sanções e à desvalorização da moeda local, continuamos com a nossa missão, graças ao apoio contínuo da Confederação Caritas”, assegura Riad Sargi.

LS

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