Jornadas Nacionais decorrem em Lisboa
Lisboa, 25 out 2019 (Ecclesia) – O diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) disse hoje que a Igreja Católica quer apostar numa comunicação que “permita o encontro” com o património e as comunidades religiosas.
“Uma comunicação que seja um meio, não um fim em si mesmo, efetivamente para haver o encontro de pessoas, é fundamental, o encontro com comunidades, com o património, com a natureza, todos os aspetos são fundamentais”, afirmou o padre Carlos Godinho, em declarações à Agência ECCLESIA.
O tema está no centro das IV jornadas nacionais que decorrem até sábado, em Lisboa, com o tema ‘Igreja: Comunicação e Turismo’.
O padre Carlos Godinho assinala que a comunicação tem de ser olhada “nos seus meios tradicionais, nos aspetos tradicionais, nos elementos que são os habituais”, mas sublinha que “existem novas formas de comunicação” que “permitem outra forma de conhecimento da realidade”, como os meios digitais, as redes sociais, as aplicações.
“O património é um meio inultrapassável que devemos potenciar e valorizar, até na relação com as novas disponibilidades, em termos de informação”, realçou o sacerdote.
Na abertura do encontro, o bispo do Algarve e vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, realçou que o turismo religioso é a expressão de um “rico património histórico-cultural da Igreja ao serviço da evangelização”.
“A Igreja tem a preocupação de oferecer uma contribuição própria, com iniciativas que colocam o turismo ao serviço do desenvolvimento da pessoa; com rosto humano que se traduz em projetos de turismo de comunidade, cooperação, solidariedade e na valorização do grande património artístico”, desenvolveu D. Manuel Quintas.
Já o bispo do Funchal, responsável pela conferência inicial, quis sublinhar à Agência ECCLESIA que “a comunicação é um acontecimento humano” que ultrapassa o ponto de vista técnico e “é uma realidade divina”.
“É uma daquelas realidades em que nos apercebemos como imagem e semelhança de Deus. A comunicação hoje significa necessariamente esta partilha e este encontro de pessoas, que dão espaço uns aos outros, e deixam que os outros entrem no seu mundo, partilham dele”, desenvolveu D. Nuno Brás.
Sobre o turismo na Madeira, o responsável explicou que a diocese “terá muito que crescer” no sentido de acolhimento e em proporcionar ao turista, “ao menos, um primeiro anúncio do Evangelho”, ouça “falar e se sinta interpelado” por Jesus Cristo.
Da Diocese do Algarve, o padre Miguel Neto destacou que “proximidade é a palavra-chave” para comunicar o Turismo, que vai criar acolhimento e depois gerar comunhão, processo em que as novas tecnologias “têm um papel importantíssimo nisso”.
Segundo o sacerdote, ligado aos setores da comunicação e do turismo da Igreja Católica, fazer-se próximo “não é só mostrar simpatia, amabilidade”, mas tornar acessível “toda a informação”.
“É importante que as pessoas, quando visitam as nossas comunidades, não olhem só para a frieza de um monumento histórico, mas sintam que há toda uma comunidade que aproveita aquele edifício para celebrar a sua fé e tem um ritmo próprio”, desenvolveu.
Joana Santos, do Museu de São Vicente de Fora (Patriarcado de Lisboa), explicou que para divulgar o património religioso “há que criar um programa cultural”, incluindo “visitas guiadas concebidas para grupos específicos”, como escolas e grupos de catequese.
Ainda sem um sítio online, que a nova equipa está a planear, a divulgação passa pelas redes sociais e, por exemplo, na Agenda Cultural de Lisboa que levou mais portugueses ao mosteiro.
“Sentimos que, a partir do momento em que estas divulgações começaram a ser feitas, no início do verão, temos mais portugueses, os estrangeiros já estavam conquistados”, observou Joana Santos.
Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, falou no encontro sobre a necessidade de “aproximar” mundos “aparentemente distantes, o da comunicação e o da realidade eclesial.
“Tenho de saber como é que o meu facto se deve posicionar, para poder ser notícia, também”, apontou.
O jornalista destacou que o turismo religioso tem de saber “criar notícias com valor”, apresentar propostas “com um rosto”, que personifique o evento, e fazer “acontecer em rede”.
“Não se pode agir só numa direção, mas encontrar uma narrativa transmediática”, aconselhou.
Este sábado, último dia das jornadas, os participantes fazem visitas guiadas em torno dos conventos de Lisboa.
CB/OC