Três olhares sobre o (des)emprego

Insegurança, medo e incerteza Neste momento o desemprego é sem dúvida a grande preocupação da maioria dos jovens trabalhadores. O clima de insegurança, medo e incerteza perante o futuro pressiona e oprime todos os que dependem de um salário, mas de uma forma especial os jovens que tendo estudado tantos anos tentam concretizar o sonho de encontrar emprego ou então tantos outros que tendo ou não estudado, têm um contrato a prazo ou temporário. Há muito que já lá vai o tempo em que uma vez encontrado um trabalho, esse era para toda a vida. Hoje em dia tudo é temporário e flexível, nada é certo nem garantia para o futuro. Para o desemprego na juventude contribuem vários factores. Por um lado, a grande desadequação do sistema de ensino ao mercado de trabalho, continuam a sair jovens licenciados das universidades que não encontram emprego na sua área, sendo obrigados a procurarem trabalhos que nada têm a ver com as suas habilitações. Por outro, o abandono escolar é uma realidade que não pode ser escondida. Para muitos jovens a escola não é um espaço de realização e de felicidade, mas sim um fardo, do qual estão ansiosos por se livrar. Assim, quando surge uma oportunidade de ganhar algum dinheiro, estes deixam-na sem se aperceberem que estão a fechar a porta, a muitas oportunidades. Perante isto, muitos jovens acabam por ser arrastados para a precariedade e instabilidade e muitas vezes o desemprego, sendo engolidos num sistema em que a pessoa do trabalhador não conta, apenas é visto como uma máquina do sistema produtivo. Vendo esta realidade, os jovens sentem que não há solução, limitam-se a viver o dia-a-dia, baixando os braços, não lutam pelos seus sonhos e pensando que o melhor é cada um desenrascar-se como puder… Se o centro da vida da sociedade continuar a ser a economia, esquecendo a pessoa humana, estaremos a matar todos os dias os sonhos de muitos jovens. É urgente gritar que “Cada jovem trabalhador vale mais que todo o ouro do mundo” (Cardijn – Fundador da JOC). Juventude Operária Católica Competência e inteligência Numa conferência na ACEGE o Prof. Michael Novak referia que mais importante que analisar a pobreza era analisar os casos de sucesso e de riqueza, pois são esses casos que nos indicam claramente o caminho que devemos seguir. Da Semana Social agora realizada com enorme sucesso, fica, igualmente, esta certeza que a pobreza e o desemprego só podem ser combatidos com empresas constituídas por pessoas competentes e inteligentes capazes de trabalhar em conjunto para fazerem de uma ideia, uma oportunidade de negócio com capacidade de êxito. A história prova que o sucesso empresarial e o emprego são realidades que se complementam e potenciam mutuamente. Logo Empresários e Trabalhadores não são adversários, mas estão unidos num mesmo objectivo, ambos precisam uns dos outros, ambos têm de ser competentes e úteis para a empresa. Por isso é essencial passar a mensagem de que é do trabalho de cada um que depende o sucesso da empresa e a manutenção do próprio emprego e daqueles que consigo trabalham. Nesse sentido, a consolidação de uma cultura de competência e de responsabilidade profissional é a base onde se deve alicerçar um consistente combate ao desemprego. Jorge Líbano Monteiro, Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE) Crise e oportunidades José Manuel Carneiro Costa, da LOC/MTC, lamenta em declarações à ECCLESIA que o país viva um momento de “crise acentuada”, afirmando que, neste momento, todas as iniciativas que possam gerar empregos são sempre bem-vindas. “O que é necessário, agora, é dar oportunidades às pessoas que tenham grandes ideias e estejam disponíveis para avançar e concretizá-las, com intervenções locais e sociais”, indica. A intervenção dos cristãos “inseridos em estruturas que possam criar emprego” é muito importante, “pela transmissão de valores, para que os empregos não sejam exploração”. “É preciso que cada pessoa seja construtora do seu emprego, constituindo uma mais-valia para a sociedade a nível do empenhamento, da distribuição e da criação de produtos”, assevera. Os trabalhadores cristãos alertam para a necessidade de evitar “produzir coisas que não têm nenhuma utilidade”. Num processo de globalização, é essencial “recolher conhecimentos e colocar esse saber ao serviço da sociedade, em especial dos desempregados, dando-lhes novas oportunidades”.

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