Tragédia das crianças-soldados precisa de respostas da comunidade internacional

300 mil em todo o mundo João Paulo II denunciou ontem o destino das crianças-soldados, “simultaneamente vítimas e protagonistas da guerra”, e apelou aos dirigentes do mundo inteiro para intervirem. “Em alguns recantos da terra, especialmente nos países mais pobres, há crianças e adolescentes que são vítimas de uma horrível forma de violência: são recrutados para combater nos assim chamados conflitos esquecidos”, acusou o Papa, antes do Angelus deste Domingo. “Privados de tudo, vêem seu futuro ameaçado por um pesadelo difícil de afastar. Que seu grito mudo de dor não fique sem ser escutado!”, exclamou. O Papa dedicou a sua intervenção dominical, dirigida a milhares de peregrinos, ao tema central da sua Mensagem de Quaresma 2004, em que pede que as crianças sejam colocadas no centro da atenção das comunidades cristãs. “Muitas delas são vítimas de graves enfermidades inclusive a tuberculose e a Sida, carecem de instrução e sofrem por causa da fome”, lembrou. “Estes nossos irmãos menores, que sofrem pela fome, a guerra e as doenças, lançam ao mundo dos adultos um apelo angustiante”, acrescentou. OS NÚMEROS Trezentas mil crianças-soldados combatem em trinta e seis guerras “esquecidas”, como as designou o Papa. Elas são recrutadas por exércitos regulares ou grupos armados, segundo informa a agência missionária do Vaticano, Fides. Os dados publicados pela agência da Congregação para a Evangelização dos Povos têm em conta crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos. As crianças são obrigadas a matar em dezenas de nações, em particular, na Colômbia, Birmânia, Sri-Lanka, Afeganistão, Somália, Burundi, e na República Democrática do Congo, país no qual existam 150.000 crianças-soldados. Algumas destas crianças “são utilizadas como o meio mais brutal e desumano para abrir caminho seguro nas zonas minadas. Caminhando diante das tropas, as crianças eliminam com a sua morte um perigo para quem vem atrás”, relata a Fides. Segundo as Nações Unidas, nos últimos dez anos morreram em guerra dois milhões de crianças e quatro milhões ficaram gravemente feridas, com incapacidades permanentes.

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