Tráfico de Pessoas: «Um problema do mundo» que também diz respeito a Portugal – Irmã Julieta Dias (c/vídeo)

Religiosa participa na Assembleia Geral da Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração, que decorre em Fátima

Lisboa, 14 nov 2022 (Ecclesia) – A irmã Julieta Dias, religiosa do Sagrado Coração de Maria, que integra a Comissão de Apoio às Vítimas do Tráfico de Pessoas (CAVITP), disse hoje que este crime também atinge Portugal, em várias dimensões.

“É um problema do mundo e que diz respeito ao nosso país. (Portugal) é um país de origem, de trânsito e de destino do tráfico de pessoas, e, portanto, não nos podemos alhear deste flagelo que atravessa o mundo inteiro”, disse à Agência ECCLESIA.

A religiosa, que participa em Fátima na Assembleia Geral da RENATE – Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração, alerta que com as guerras, as catástrofes naturais, a fome, o desemprego, “a pobreza que alastra no mundo há pessoas vulneráveis” e, infelizmente, “há muitas pessoas que se servem da miséria dos outros para fazerem dinheiro”.

Segundo e entrevistada, identificam o destino deste tráfico em várias áreas, na exploração laboral”, quer a nível sexual, e de tráfico de órgãos, como “a nível de venda de tráfico de crianças para adoção”.

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), que também integra a CAVITP, afirma que o tráfico de pessoas “é o lado mais sombrio das migrações”.

“O tráfico de seres humanos traz-nos o lado mais sombrio das migrações, em que se aproveita da vulnerabilidade das pessoas, dos sonhos das pessoas, para lucrar”, realça Eugénia Quaresma.

O mais recente exemplo em Portugal é a comunidade timorense, uma realidade para a qual a “sociedade despertou” pela comunicação social, e esta responsável adianta que identificaram etapas do processo de tráfico desde “o aliciamento no país de origem, por empresas conhecidas”, e depois o abandono e a exploração.

“As pessoas são aliciadas com promessas de trabalho, endividaram-se para chegar, para melhorar a sua vida, algumas conseguirem trabalhar um tempo, um trabalho sazonal, e depois ficaram abandonadas”, explica.

Neste contexto, Eugénia Quaresma refere que é com essa realidade que os “serviços da Igreja, serviços estatais, estão a lidar”, bem como cidadãos comuns, cidadãos timorenses em associações, “e é preciso fazer alguma coisa ao longo desta cadeia, desde a origem até ao destino”, e Portugal pode não ser o último destino destas pessoas, tornando-se também um “país de trânsito”.

A irmã Julieta Dias lembra, por sua vez, que é “dificílimo” o processo de chegar juntos das pessoas que foram vítimas de tráfico e ganhar a sua confiança porque “são aliciados, vêm com sonhos, chegam ao momento e veem que foram enganados”, por isso, “perdem a confiança das pessoas”

“A pessoa traficada ficou desumanizada, ficou reduzida a uma coisa, ficou reduzida a uma mercadoria. Para nós, neste momento, o mais importante é fazer a sensibilização das pessoas e alertar quer médicos, os professores que estejam atentos e que vejam que ali há alguma coisa”, desenvolve, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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