Tráfico de Pessoas: Religiosas católicas querem sensibilizar jovens para o tema e apontam à JMJ Lisboa 2023

Irmã Gabriela Bottani, que liderou rede internacional da Vida Consagrada contra este crime, fala numa «desumanização» das sociedades.

Foto: Talitha Kum

Fátima, 15 nov 2022 (Ecclesia) – A irmã Gabriela Bottani que liderou durante os últimos sete anos a ‘Talitha Kum’, rede internacional da vida consagrada contra o tráfico de seres humanos, quer mobilizar os jovens neste campo e aponta à JMJ 2023, em Lisboa.

“O tráfico de pessoas é um crime que vem crescendo, bem como as vulnerabilidades exploradas pelos traficantes, em diferentes áreas: a exploração sexual, a exploração laboral, no tráfico de crianças, para pedir esmolas ou para a pequena criminalidade. É um contexto que está a levar à desumanização das nossas sociedades”, alerta a missionária comboniana à Agência ECCLESIA, em Fátima, onde participa na assembleia geral da RENATE – Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração.

A religiosa lembra que a maioria das vítimas são jovens e que são estes quem melhor pode falar às pessoas da sua idade.

“Estamos a envolver jovens de diferentes culturas e realidades, que vão lançar em Roma um ano totalmente dedicado à luta contra o tráfico, para criar um movimento de transformação”, adiantou a responsável.

A irmã Gabriela Bottani assume o “sonho” de trazer o tema para a reflexão dos participantes na JMJ Lisboa 2023, com a colaboração das estruturas nacionais.

A ‘Talitha Kum’, criada em 2009, está atualmente em 77 países, incluindo Portugal, envolvendo duas mil religiosas de diferentes congregações femininas, em colaboração com a Organização Internacional para as Migrações.

A irmã Gabriela Bottani lamenta a transformação de pessoas em “objetos” de exploração, em particular nos momentos de crise, nos quais é preciso “não baixar a guarda”.

A religiosa fala numa “estrutura de violência” que afeta as mulheres e meninas em todo o mundo, marcadas pela “desigualdade de género”.

“Não é somente a violência física, psicológica, mas também a violência de quem considera as mulheres inferiores, que lhes tira direitos”, lamenta.

Foi no Brasil, onde esteve entre 2004 e 2014, que a irmã Gabriela Bottani despertou para este drama do tráfico de pessoas, “sobretudo de crianças, para exploração sexual”.

“O meu compromisso na luta contra o tráfico começou no Brasil, na rede ‘Um grito pela Vida’, em Fortaleza, no nordeste do país”, relata.

A religiosa destaca a importância de enfrentar este crime e de preveni-lo, “juntos”, construindo redes de solidariedade e de trabalho com incidência política, para encontrar “modalidades novas de respeito” por todos.

A 8 de fevereiro, a Igreja Católica promove anualmente um dia de oração e reflexão contra o tráfico de pessoas, que em 2023 vai ter como tema “Caminhando pela Dignidade”, mobilizando os jovens e comunidades de várias religiões.

“Temos de ter clara a visão de esperança, em momentos difíceis como aqueles que estamos a viver”, destaca.

OC

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Agência ECCLESIA

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