Tráfico de Pessoas: «Milhões de pessoas estão a ser traficadas à vossa frente» – Irmã Imelda Poole

Presidente da Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração (RENATE) sublinha necessidade de investir na prevenção

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Fátima, 16 nov 2022 (Ecclesia) – A presidente da Rede Europeia de Religiosas contra o Tráfico e Exploração (RENATE), irmã Imelda Poole, alertou para os “milhões de pessoas” traficadas à frente de todos e disse à Agência ECCLESIA que esta realidade necessita de prevenção.

“Conseguem ver? Olham? Conseguem ver milhões de pessoas que estão a ser traficadas à vossa frente, é como carne, carne humana colocada no mercado, como mercadoria, para ser comprada e vendida”, sublinhou a religiosa, que está em Fátima, na assembleia geral desta organização.

A trabalhar junto da RENATE há cerca de 10 anos, a irmã Imelda Poole aponta que o tráfico humano é uma realidade que precisa de consciencialização. 

“É preciso que os governos ajam em concertação, que olha a realidade social e económica para que não abram caminho para o tráfico”, indica. 

A religiosa defende que o tráfico de pessoas “é real” e que Portugal e os outros países da Europa têm de colocar “foco e prioridade na proteção das vítimas e pessoas vulneráveis” mas também olhar a realidade social e económica.

Se olharmos a realidade social e económica, se conseguirmos combater a pobreza, contrariamos a imaginação do crime”.

A irmã Imelda Poole descreve a situação da guerra da Ucrânia, toda a vulnerabilidade existente, como uma “forma fácil” para este crime, a que a RENATE está atenta.

“Mesmo a grande explosão de tráfico humano online, durante a Covid, criou uma nova missão à RENATE na prevenção, porque é aos vulneráveis que o tráfico se dirige e os vulneráveis multiplicaram-se, com a crise da Covid e, claro, a guerra na Ucrânia. Estamos na fronteira com a Ucrânia, com os nossos parceiros de cada Estado, e há crise na Roménia, Polónia, Hungria e na própria Ucrânia”, explica.

Na 6ª Assembleia da RENATE, em Fátima, a irmã Imelda Poole olha a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em 2023, como possibilidade de abrir consciências perante a realidade do tráfico de pessoas.

“É muito importante que os mais jovens saibam do nosso trabalho, haver consciência da realidade do tráfico de pessoas, porque eles próprios têm acesso a plataformas mundiais de publicidade online e podem-se tornar vulneráveis para serem apanhados no crime”, alerta. 

O tema “Juntas em direção a 2030 – Acabar com tráfico – A caminho – Realizando o sonho – Um mundo livre de escravidão” reúne mais de uma centena de religiosas, em assembleia em Fátima, desde segunda-feira até esta sexta.

LS/SN

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Agência ECCLESIA

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