Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos
O trabalho deve valorizar-se principalmente pelo que traz ao trabalhador: Tornar-se pessoa.
A União Europeia atravessa o seu melhor desempenho económico da última década. Desde 2012, foram criados cinco milhões e meio de empregos. Mas quatro em cada cinco destes empregos, segundo revela o Eurostat, são temporários, ou part-time. Do lado dos trabalhadores afectados, as estatísticas também são claras: dois terços gostariam de ter empregos permanentes.
“Isso impede os jovens de deixar a casa de seus pais, uma vez que, com vínculos precários, eles não podem comprar uma casa ou tomar decisões para o seu futuro, e isso enfraquece toda a economia”; “Quanto mais precários são os empregos, menos produtiva é a economia”, afirma Thyssen, comissária belga. (Público, 9.10.2017).
“No nosso local de trabalho não temos direitos, nem sequer a ser ouvidos! Completa falta de respeito e consideração pelos trabalhadores, sempre de “má cara”, arrogantes e ameaçadores”; “Tenho medo de deixar de ser pessoa para me tornar numa coisa que produz e consome, numa coisa que “vende trabalho” (militantes da LOC).
Precaridade e desumanização são duas realidades que atormentam os trabalhadores de hoje, em todo o mundo.
O amor é a qualidade essencial do humano
A Igreja atribui ao Amor a característica essencial do humano. “O comportamento da pessoa é plenamente humano quando nasce do amor” (CDSI 580). E sendo o trabalho uma actividade fundamental para o homem, é o amor que lhe dá sentido, orientação e fundamento, porque Jesus Cristo nos ensina que “a lei fundamental da perfeição humana, e portanto, da transformação do mundo, é o mandamento do amor” (CDSI 54).
“Existem sobre a terra poucas alegrias maiores do que aquelas que vêm da experiência de trabalho, como há poucas dores maiores do que quando falta o trabalho, quando o trabalho explora, esmaga, humilha, mata. O trabalho pode fazer muito mal porque pode fazer muito bem. O trabalho é amigo do homem e o homem é amigo do trabalho, e não é fácil reconhecê-lo como um inimigo, porque parece ser uma pessoa, mesmo quando nos atinge e nos fere” (Papa Francisco, Génova 27 de maio, 2017).
Se o amor é o que dá sentido à actividade humana, o sujeito do trabalho não é, como afirma a cultura dominante, o “homem económico”, movido pelo seu interesse egoísta, pela concorrência, mas o homem que ama e se realiza no amor e não na competição.
“Se ênfase está na competição dentro da empresa, isto é um erro antropológico e cristão, e também um erro económico, porque se esquece que a empresa é, primeiramente, cooperação, ajuda mútua, reciprocidade. Quando uma empresa cria cientificamente um sistema de incentivos individuais e coloca os trabalhadores em concorrência uns com os outros, talvez a curto prazo possa obter alguma vantagem, mas depressa mina o tecido de confiança que é a alma de cada organização” (Papa Francisco, Génova 27 de maio, 2017).
O trabalho realizado com amor actua como grande “modelador” e “configurador” do ser pessoa, da sua humanização.
LOC/MTC