Trabalhadores cristãos pedem rigor ao Estado

A coordenadora nacional da Liga Operária Católica–Movimento dos Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), espera que “o poder político possa repensar a sua estratégia, não se ficando apenas pela abordagem teórica, indo de facto ao encontro daqueles que têm muito pouco para viver”.

Maria de Fátima Almeida falou à agência ECCLESIA numa altura em que o Governo se prepara para aprovar um pacote de medidas de austeridade.

O primeiro-ministro José Sócrates marcou para esta tarde uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, onde, para além da discussão do Orçamento de Estado para 2011, deverão ser aprovadas medidas como o aumento de impostos e o congelamento de salários na função pública.

“É lamentável que se continue a fazer cortes em determinados apoios sociais, como o subsídio de desemprego, e não se tomem medidas para cortar, por exemplo, nos salários escandalosos de certos gestores públicos e privados” afirma a coordenadora nacional da LOC/MTC.

A organização já admitiu que a actual situação económica do país precisa de medidas adicionais de austeridade. Defende, no entanto, que essas contribuam para a redistribuição efectiva da riqueza, e não para o aumento da desigualdade social.

“Deveria existir um maior rigor sobre as empresas, por parte do Estado, porque continuamos a ver muitas empresas que não pagam impostos sobre os seus lucros” exemplifica a coordenadora nacional daquele organismo católico.

Os movimentos sindicais portugueses associam-se à jornada de luta promovida pela Confederação Europeia de Sindicatos, exigindo que o Governo encontre outras alternativas para reduzir o desequilíbrio das suas contas.

Maria de Fátima Almeida considera o protesto uma forma normal dos trabalhadores lutarem pelos seus direitos.

“Não é só uma questão de Estado, é uma questão ética e moral, de cidadania”, sublinha.

Na sua acção diária, junto dos trabalhadores, a LOC/MTC tem vindo a detectar um descrédito, uma falta de esperança e de visão de futuro, dentro das famílias.

“As pessoas são confrontadas, diariamente, com o encerramento de empresas e com o desemprego. Já contactei com pessoas de 45, 50, 55 anos, que nem contratos precários conseguem obter”, lamenta Maria de Fátima Almeida.

Defender a adequada redistribuição da riqueza, a existência de ética, verdade e solidariedade dentro das relações económicas e laborais, é o único caminho possível para a LOC/MTC.

“Vamos continuar a participar activamente nas estruturas que contribuem para uma mudança efectiva na sociedade” conclui Maria de Fátima Almeida.

A jornada de luta, a nível europeu, contra as políticas de austeridade, deverão juntar hoje em Bruxelas, mais de 100 mil trabalhadores.

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