«Normalidade está longe de ser uma realidade» – Irmã Cristina Macrino
Bobonaro, Timor-Leste, 16 mai 2021 (Ecclesia) – A religiosa portuguesa Cristina Macrino, das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, afirmou que a “normalidade está longe de ser uma realidade” em Timor-Leste, apelando à solidariedade com a população afetada pelo temporal de abril.
“O ponto da situação nas zonas mais afetadas agora é reunir meios para a reconstrução; Infelizmente a normalidade está longe de ser uma realidade. Para além de toda a destruição e perdas da calamidade do dia 4 de abril existem muitas limitações que têm de ser superadas”, referiu à Agência ECCLESIA.
A irmã Cristina Macrino exemplifica que em Díli, a capital timorense, várias organizações estão a “reunir todos os meios e esforços” para ajudar as pessoas a reconstruir as suas casas, e como são muitas famílias “tenta-se dar a cada uma pelo menos o suficiente para viver”.
A “grande barreira”, acrescenta, é grande número de pessoas infetadas com o novo coronavírus Covid-19, por isso, Díli está numa “cerca sanitária, confinamento obrigatório”, o que origina várias limitações, como não poderem circular “por todo o país com os materiais e os bens que deveriam chegar mais facilmente às famílias sem nada”.
A missionário em Timor-Leste explica que para entrarem na capital do país lusófono têm de ter uma carta escrita pelo município onde vive, “a justificar a deslocação que não deve ultrapassar três dias” e, no contexto das medidas de precaução por causa pandemia, só estão abertas as lojas de “bens essenciais, alimentação e medicamentos”.
“Estamos com uma economia muitíssimo escassa e pobre. Toda a reconstrução é lenta sem urgências, mesmo que a nosso ver existam”, acrescenta.
As Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, através da sua fundação, estão a dinamizar uma campanha de solidariedade para adquirir alimentos, água, produtos de higiene, lonas, mosquiteiros e donativos para apoiar a reconstrução das casas, que vão ser partilhados na página ‘Por Timor um Gesto uma Dádiva’, no Facebook.
No terreno, a ajuda é encaminhada para Díli e para os distritos de Liquiçá, Manatuto e Viqueque através de várias congregações portuguesas que se uniram para dar resposta a estas necessidades imediatas, nomeadamente as Irmãs Reparadoras, as Irmãs Concepcionistas dos Pobres, as Escravas da Divina Eucaristia e da Mãe de Deus, os Franciscanos Capuchinhos e os Irmãos de São João de Deus.
“As populações agradecem e sentem alívio com os bens recebidos (alimentação, produtos de higiene e colchões) e, a partir de agora, vamos ajudar na reconstrução das casas: Um exemplo na missão dos irmãos de São João de Deus que será uma pequena parte, 80 famílias perderam as suas casas e aguardam ajuda”, indica a irmã Cristina Macrino.
Segundo a religiosa, a missão das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima está a trabalhar “normalmente num ritmo mais reduzido” e precisam de ajuda a longo prazo, o centro social apoia este ano 300 crianças e adolescentes, têm uma clínica, inaugurada a 25 de julho de 2020, e esperam também apoio para 400 famílias, “com um agregado familiar em media de 8 a 10 pessoas”.
A congregação desenvolve projetos nas áreas da educação e da saúde, apoiando cerca de seis mil pessoas, em Memo, na Diocese de Maliana, Distrito de Bobonaro.
CB/OC