Timor-Leste: Papa condena abusos sobre menores e pede combate à pobreza

Francisco destaca necessidade de construção do Estado e de aposta na Educação

Foto: Lusa/EPA

Díli, 09 set 2024 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje em Timor-Leste os abusos sobre menores, sublinhando a necessidade de combater a pobreza e aposta na Educação.

“Não esqueçamos as muitas crianças e adolescentes feridos na sua dignidade, um fenómeno que está a aflorar em todo o mundo. Todos somos chamados a agir de forma responsável para evitar qualquer tipo de abuso e garantir que as nossas crianças cresçam tranquilamente”, declarou, no discurso inaugural da sua visita, em Díli.

Perante responsáveis políticos e representantes da sociedade civil, o Papa aludiu aos desafios que se colocam ao país, após décadas de luta pela independência.

“Penso na pobreza, presente em tantas zonas rurais, e na consequente necessidade de uma ampla ação de, envolvendo as múltiplas forças civis, religiosas e sociais, para remediar e oferecer alternativas viáveis à emigração”, indicou.

Francisco considerou que o grande número de emigrantes mostra “a dificuldade de oferecer a todos um emprego que produza lucro equitativo e garanta às famílias um rendimento que corresponda às suas necessidades básicas”.

A intervenção, em espanhol, apontou a uma série de “chagas sociais”, como “o excessivo consumo de álcool entre os jovens e a formação de bandos” violentos.

“Apesar de não faltarem problemas – como acontece com qualquer povo e em todas as épocas – exorto-vos a ser confiantes e a manter um olhar cheio de esperança em relação ao futuro”, acrescentou.

O Papa, que tem sido acompanhado nas ruas de Díli pelo entusiasmo de dezenas de milhares de pessoas, falou de improviso para elogiar “um povo maravilhoso”, que se expressa “com dignidade e com alegria”.

“Este é um país lindo, mas o melhor que este país tem é o seu povo. Amem o vosso povo”, pediu aos responsáveis políticos.

Foto: Lusa/EPA

Num dos mais longos discursos da sua 45ª viagem internacional, Francisco defendeu uma gestão adequada dos recursos naturais, como “as reservas de petróleo e de gás, que poderiam oferecer possibilidades de desenvolvimento sem precedentes”, convidando a formar a próxima classe dirigente do país.

Realçando que 65% da população de Timor-Leste tem menos de 30 anos, o Papa apontou como investimento prioritária a aposta na educação, colocando no centro “as crianças e os jovens”, e o diálogo entre gerações, que produz “sabedoria”.

Após saudar as “excelentes” relações diplomáticas entre a Santa Sé e Timor, Francisco afirmou que as instituições da Igreja Católica “estão ao serviço de todos”.

A intervenção inicial esteve a cargo do presidente José Ramos-Horta, que assumiu a importância de lutar contra “a pobreza multidimensional, a fome e a insegurança alimentar, a subnutrição materno-infantil, a violência de qualquer tipo, as diferentes formas de exclusão e de marginalização social”.

“Com os ensinamentos de sua santidade, Papa Francisco, seremos inspirados a construir uma casa comum ainda mais tolerante, mais pacífica, inclusiva e fraterna. As suas palavras, iluminadas de sabedoria e compaixão, vão guiar-nos fortalecer-nos na nossa jornada”, assinalou o responsável, prémio Nobel da Paz em 1996.

Estima-se que mais de 500 mil pessoas acompanhem a visita do Papa na capital timorense, que decorre até quarta-feira.

OC

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